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Os
Bailes
Tradicionais |
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O Baile como
Rito de Passagem |
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A
Evolução dos Bailes Populares |
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Os Bailes
Populares da Cidade de Lisboa |
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As Danças |
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Resumo
dos Fonogramas |
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Fonte:
Tradições Musicais da Estremadura
Os conteúdos aqui
apresentados foram retirados do Livro "Tradições
Musicais da Estremadura" de José Alberto Sardinha, uma cortesia do autor e da
Editora Tradisom. |
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As Danças
Tradicionais - Tradições Musicais da Estremadura
A Chotiça
Exemplo:
Chotiça
(Torres Vedras, Maxial, 1988)
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . A
schottische é considerada pelo Oxford Companion to Music uma espécie de polca mais
lenta, de origem continental, que não deve ser confundida com a escocesa. Trata-se de uma
dança circular que entrou em Inglaterra nos meados do século XIX (justamente a época do
furor da polca), com o nome de «polca alemã». Os autores de Traditional Dancing in
Scotland, J. F. e T. M. Flett, são da mesma opinião, tratando-a como uma dança circular
sucessora da polca.
Curt Sachs revela que o esquema coreográfico da polca, quando esta dança se
consagrou e definiu, não apresentava nada de verdadeiramente novo: combinava o antigo
fleuret com o pas de bourrée e com a escocesa, então muito comum. Por isso, quando fez
aparição na Alemanha, tomou aí o nome de schottische. Temos assim que a schottische
será efectivamente uma espécie de polca, de que conserva aliás o compasso binário.
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Silvério da Silva,
tocando palheta. Maxial, Torres Vedras, 1988. |
Para se avaliar da rápida expansão desta dança, como aliás de todas as
danças europeias de salão do século passado, lembre-se que em 1851 já se dançava a
schotisch no Rio de Janeiro. Também em Portugal esta dança de origem europeia se
difundiu rapidamente, talvez mesmo mais do que a própria polca. No Manual de Dança ou
Méthodo Fácil de Aprender a Dançar sem Auxílio de Mestre, editado em Lisboa,
constata-se a sua aceitação na alta sociedade: «A schottisch, assim como a polka, tem
grande voga nos salões dançantes do grande tom». Tal como muitas outras danças de
salão, foi adoptada pelo nosso povo, que a assimilou e adaptou ao seu ethos.
A evolução fonética da palavra inicial originou, junto do povo português, as variantes
terminológicas chotiça, checote, chicote (e às vezes até chacota, decerto por
sobrevivência terminológica da antiga dança medieval), nomes por que é conhecida a
schottische nas províncias em que é dançada, sobretudo no Ribatejo, Algarve, Alentejo e
Estremadura. Aqui gravámos nós vinte e três exemplares, nos concelhos de Sintra, Mafra,
Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã. O espécime que reduzimos à solfa, de melodia singela
mas graciosa, tem de especial ser interpretado à palheta, rude instrumento feito de
caniços, a que adiante faremos referência.
No Seixal da Lourinhã era uma «moda muito puladinha!», que «toda a gente daquele tempo
queria bailar». Os pares, em número de quatro, seis ou oito, formam em roda e bailam
agarrados. A roda começa a girar e, a certa altura, os pares «passam», isto é, os
pares que estão nos pontos opostos trocam de lugar entre si cruzando-se no centro da
roda. Vão «passando», sucessivamente e de dois em dois, todos os pares, após o que
continuam a bailar em roda. Mais adiante, vão todos os pares ao centro «rebater» (i. e.
bater os pés ao centro) e voltam aos seus lugares recomeçando a bailar em roda, sempre
para o lado direito. Note-se que todas estas movimentações são sempre feitas pelo par e
nunca pelos seus elementos isoladamente, pois «no checote nunca se troca de par». No
Seixal, bailar o checote «era uma coisa linda de se ver». Deixou de ser bailado há
cerca de vinte anos (informação de 1984) e hoje em dia já ninguém da mocidade sabe
dançá-lo.
Em Mação, nos fins do século XIX, também se dançava a schotice, que era uma «dança
de ir ao meio» Francisco Serrano, Viagem à Roda de Mação, p. 79. Embora o autor
nada mais adiante, é de realçar a característica de ir ao meio, idêntica à que
descrevemos na Estremadura. Também Tomaz Ribas refere que, no Ribatejo, a chotiça é
bailada «ao centro, com jeitinho».
De salientar ainda o uso da chotiça na Lisboa oitocentista. Segundo relato de Júlio
César Machado, havia um grupo de músicos populares, de que adiante melhor falaremos, que
costumava percorrer a capital anunciando eventos de relevo, como touradas, o qual tocava
nomeadamente «polkas e xótiças». José Alberto Sardinha |