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Fausto Bordalo Dias

 

Fausto
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Por favor, leiam estes discos
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Dossier
Fausto
Uma viagem em dez etapas
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Por
Viriato Teles

Dez álbuns de originais num total de 12 discos publicados em 30 anos são a face palpável da carreira daquele que é hoje, possivelmente, o compositor e intérprete mais carismático da Música Popular Portuguesa.

A discografia de Fausto Bordalo Dias, iniciou-se em 1970 com um LP («Fausto», edição Philips) que incluía diversos textos de poetas portugueses. Nos anos que se seguiram a esse trabalho de estreia, Fausto dedicou-se sobretudo ao canto de intervenção – juntamente com Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e José Afonso, entre outros – actuando em inúmeras colectividades populares, universidades e espectáculos de carácter político.

A cantiga era uma arma e assim continuou a ser depois do 25 de Abril. A Revolução dos Cravos acontece numa altura em que Fausto se encontrava a gravar um novo álbum, produzido por Adriano Correia de Oliveira, que também participava (no tema «Daqui Desta Lisboa», com texto de Alexandre O’Neill), tal como José Afonso. Chamar-se-ia «Pró Que Der e Vier» (ed. Orfeu, 1974) e acabaria também por incluir alguns temas de carácter circunstancial, produto da vivência revolucionária da época.

No ano seguinte, Fausto edita «Beco Com Saída», um disco profundamente marcado pelas transformações sócio-políticas da época. Era o tempo da canção-ao-serviço-da-revolução, e o disco retrata com fidelidade essas vivências únicas da nossa história recente.

«Madrugada dos Trapeiros», editado em 1977, inclui aquele que permanece como um dos maiores êxitos do músico: «Rosalinda», um belíssimo manifesto ecológico, que foi, inclusivamente regravado em Espanha por Luís Pastor. É, ainda, um disco com uma profunda carga política, mas onde é já possível vislumbrar as novas preocupações estéticas do seu autor, nomeadamente através da utilização sistemática de elementos tradicionais – o embrião, afinal, daquilo que virá a ser conhecido como Música Popular Portuguesa.

Esta opção acentua-se no trabalho seguinte de Fausto, «Histórias de Viajeiros» (ed. Orfeu, 1979), onde a temática das Descobertas é abordada pela primeira vez («Peregrinações», «Nau Catrineta») e que marca, por assim dizer, o fim de um ciclo na sua obra.

Com a publicação de «Por Este Rio Acima» (ed. Sassetti, 1982), inicia-se uma nova era, não apenas na carreira de Fausto, como na música portuguesa em geral. Inspirado numa das obras maiores da nossa literatura (a «Peregrinação», de Fernão Mendes Pinto), «Por Este Rio Acima» tornou-se um verdadeiro ex-libris da MPP. Fausto conquistava, finalmente, o lugar que lhe cabia na história da música portuguesa.

Em 1985 surge «O Despertar dos Alquimistas» (ed. CBS), uma crónica pessoalíssima do percurso português pós-25 de Abril, onde Fausto retoma e desenvolve os conceitos musicais dos seus discos anteriores. Conceitos que se mantém em «Para Além das Cordilheiras» (ed. CBS, 1987), talvez o mais «europeu» de todos os discos de Fausto – e que lhe valeu ser designado vencedor da primeira edição do Prémio José Afonso, atribuído no âmbito do Festival de Música Popular da Amadora.

Em 1989, Fausto grava «A Preto e Branco», um disco de homenagem a alguns dos poetas africanos que mais marcaram a sua juventude – António Jacinto, Ernesto Lara Filho, Viriato da Cruz, Rui Nogar, Alexandre Dáskalos, Craveirinha, entre outros.

O duplo CD «Crónicas da Terra Ardente», editado em 1994 pela Sony, retoma a temática dos Descobrimentos, desta vez tendo por «fonte» privilegiada a «História Trágico-Marítima» de Bernardo Gomes de Brito. Segundo o próprio Fausto, este trabalho é a segunda parte de uma trilogia sobre a Diáspora lusitana, a completar em meados da primeira década do século XXI.

De então para cá, Fausto publicou «Atrás dos Tempos Vêm Tempos» (ed. Sony, 1996), uma colectânea com novas gravações de alguns dos seus temas antigos rearranjados e reinterpretados, e «Grande, Grande é a Viagem» (ed. Sony 1999), registo dos espectáculos que realizou, em Abril desse ano, no Centro Cultural de Belém e que repetiu no XI Festival Intercéltico do Porto, em 2 de Abril de 2000. Voltar ao Topo

 

 

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