O que vai dizendo a imprensa...um
disco que é feito de frescura, festa, encanto, dança e descoberta...
Arabesca, o tema que abre o álbum de estreia dos
At-Tambur, homónimo, bem que podia ser uma remistura de dança passe as devidas
distâncias de alguns dos temas do álbum Tão Pouco e Tanto, de Janita Salomé.
Vontade de Fusão, de mistura, de descoberta... Em Arabesca convivem a música
árabe, o rock, a música transmontana, didgeridoos, vocalizações indianas/scat
jazístico e um didgeridoo australiano. E os At-Tambur uma formação de músicos
quase todos muito jovens, apesar de já andarem há bastantes anos nestas andanças
passam com distinção na primeira prova: a do bom-gosto, a de abertura de espírito, a de
pesquisa. Depois, a banda lisboeta atira-se, com a mesma abertura e bom-gosto, a alegres
jigs irlandeses, tradicionais transmontanos enfeitados com belíssimas vozes femininas,
tradicionais nórdicos e música klezmer, com alguns originais
Sanfoneiro, que deve alguma coisa às harmonias da saudosa Penguim Café
Orchestra, ou Valsa de Cinco Tempos, um instrumental que se
transforma numa canção tão leve que parece uma nuvem a passar no horizonte a
ajudar a um disco que é feito de frescura, festa, encanto, dança e descoberta e é
movido a instrumentos acústicos: sanfona, acordeão, violino, violoncelo, flautas e
gaitas... Uma pérola. (8/10)
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António Pires, Blitz - Agosto de 2003
"...eis a mais recente revelação
da folk portuguesa..."
Depois dos Vai de Roda, Gaiteiros de Lisboa e dos Realejo, eis a mais
recente revelação da folk portuguesa. Têm vários pontos a seu favor, o menor dos quais
não será o de todos os seus membros saberem tocar, aliando a formação clássica de
alguns deles e muito trabalho de ensaios. Inseridos numa tradição nobre da folk
europeia, de grupos como Blowzabella, Lo Jai ou La Ciapa Rusa, os At-Tambur cultivam o
gosto pelo ecletismo e pela improvisação, sem que isso implique o esquecimento das
regras e das pulsações tradicionais. A partir de um repertório que inclui composições
próprias, tradicionais portuguesas (os únicos vocalizados), sefarditas e escandinavos,
ao lado de um "Jig" de Paul James (Blowzabella) e um "Bourrée" de
Gilles Chabenat (arranjado e executado de forma superlativa, os grandes grupos atrás
citados fazem assim!) e utilizando uma paleta instrumental rica (sanfona, violino,
flautas, acordeão, gaita, cordas, etc.) os At-Tambur criam "tradições
imaginárias", passam pelo minimalismo, pela música de sabor antigo e pela
excelência de baladas como "D. Fernando", com um sentido estético
inultrapassável que apenas pecará por certas "adiposidades" ao nível da
improvisação. Nada que o próximo disco não lime. Um Clássico instantâneo. (8/10)
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Fernando Magalhães, "Y" - Jornal Público - Junho de 2003
"...supreende e cativa desde o
primeiro momento..."
É um disco de estreia que supreende e
cativa desde o primeiro momento: pela dedicação a uma causa, a da música "de
raiz", alternando a adaptação de tradicionais com a apresentação de originais,
sem que esse vai-vem implique oscilação de intensidade; pelo rigor dos arranjos, capazes
de criar espaços a todos os instrumentos, evitando exibicionismos e privilegiando o
colectivo que é, afinal, o que faz sentido nesta área; pelo próprio naipe de
instrumentos que, com acerto, vai deslizando pelo disco: violino, bateria, sanfona,
guitarra acústica, flautas doces, contrabaixo, voz e concertina, repertidos por cinco
elementos fixos e por diversos convidados. O álbum viaja sobretudo por cenários
europeus, escapando a leituras rígidas ou monocórdicas. E, sem desprimor para os outros
participantes, atenção às vozes de Anabela Fernandes e Margarida Simas, esta
irresistível em "Valsa de 5 Tempos". De grande mérito, no Global.
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João Gobern, "TV Guia" - Maio de 2003
"...são instrumentistas de primeira
água e com um bom-gosto e uma mestria técnica assinaláveis..."
Grupo de Muitos Bailes: O
disco, recém editado, é uma bela surpresa. Um dos melhores a sair nos últimos anos
naquele território cada vez mais visitado da "música que vai às raízes para delas
extrair uma ou outra música nova". O disco chama-se "At-Tambur", tal como
o grupo, e é uma perolazinha de música a descobrir. Mas ao vivo eles são ainda
melhores. Com um percurso feito em festas, bailes tradicionais, no Andanças, o grupo
mostrou, na FNAC do Colombo, que é uma oleadíssima engrenagem de ritmos e melodias que
vêm da Beira e de Trás-os-Montes, da Irlanda ou da cultura Klezmer/judaica. Talvez por
isso, os At-Tambur sentem-se mais à vontade quando se atiram aos instrumentais ou, às
canções, juntam momentos em que os instrumentos voam para além das vozes.
O primeiro tema mostrado, "Folhinha do Salgueiro", começa por ser
um tradicional beirão, cantado por Margarida Simas - uma flor de voz frágil e bela -,
mas depressa parte para um delírio atlântico onde tanto se podem ouvir os Madredeus como
uma Penguin Cafe Orchestra em férias no Sul de Espanha. Outros temas cantados - como os
romances transmontanos "D. Fernando" e "D. Ângela" - levaram ao
auditório momentos de paz, beleza e seneridade absolutas; mas foram os temas mais
rápidos, dançáveis e festivos que mostraram, cabalmente, todas as qualidades dos
At-Tambur. Fosse em tradicionais estrangeiros adaptados - como "Israelita",
"Jig Horizonto/Dança do Urso" ou "Sueca" - ou em originais do grupo -
como "Valsa de 5 Tempos" ou "Arabesca" (que avança da música do
norte de África para uma desbunda Rock/Hedningarna com Didgeridoo acoplado) -, os
At-Tambur provaram que são instrumentistas de primeira água e com um bom-gosto e uma
mestria técnica assinaláveis. Sérgio Crisóstomo (violino e concertina), José Miguel
(sanfona e concertina), Tiago Costa-Freire (flautas e didgeridoo), João Simas (Guitarra),
Gonçalo Carneiro (bateria) e Margarida Simas (Voz) vão voltar a tocar - e a mandar no
baile - por aí.
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António Pires, Blitz - Junho de 2003
"...apetecia escutar mais
heterodoxias do estilo de «Arabesca», «Chotiça Swingada», «Sueca»"
É verdade que, no dicionário, "tradição" aparece como
sinónimo de "transmissão de dogmas de geração em geração",
"memória", "uso", "hábito". Mas, para nos ficarmos por
tempos relativamente recentes, pode claramente afirmar-se que, mesmo no domínio das
chamadas "músicas tradicionais", há um antes e um depois. Internacionalmente,
por exemplo, "antes e depois de Hedningarna". Nacionalmente, "antes e
depois dos Gaiteiros de Lisboa". Isto não significa que seja necessário fazer como
os Hedningarna ou os Gaiteiros fizeram. Quer apenas dizer que o universo de absoluta
liberdade que ambos abriram já não deixa espaço para muita tolerância em relação a
alguns modelos de "tradicionalismo" mais conservadores (haja aqui ou não
paradoxo incluído). O projecto At-Tambur é constituído por óptimos músicos de ampla
erudição e prática folk/trad, mas demasiado agarrados ainda a uma concepção
tradicionalista: entre a folk anglo/euro/celta acústica dos anos 70/80, a autenticidade
de legitimação giacomettiana, a afeição às atmosferas, formas e estilos da
"early music" e, só a espaços, alguma suave iconoclastia bebida, talvez, por
entre a discografia da Penguin Cafe Orchestra. As interpretações são imaculadas, o
prazer de tocar é evidente, não ficam dúvidas que os At-Tambur (cujo "site"
na Net, aliás, é uma muito compreensiva montra do panorama "world" tal como em
Portugal se reflecte) têm o vocabulário tradicional a correr-lhes nas veias, mas
apetecia escutar mais heterodoxias do estilo de "Arabesca", "Chotiça
Swingada", "Sueca" e muito, muito mais além (paradigma nacional actual:
Sexto Sentido, da Sétima Legião), e menos academismo tradicionalmente correcto.
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João Lisboa, Expresso - Julho de 2003
"Um disco amadurecido (...)
na vanguarda dos mais inventivos projectos lusos..."
Já tardava a aparição do primeiro disco dos At-Tambur. Mas valeu a pena.
Há muito que este não é um projecto que apenas anima bailes. Neste disco de estreia,
sente-se a inconformidade em evitar os lugares comuns de muitos projectos da área
tradicional, apesar de beber um pouco no universo drone dos brilhantes
Blowzabella. Há pesquisa, trabalho de casa feito e, sobretudo, o saber apostar na altura
devida. Um disco amadurecido que os coloca na vanguarda dos mais inventivos projectos
lusos, a par de Gaiteiros de Lisboa, Amélia Muge, Realejo, Brigada Vítor Jara (na fase
em que tocam com o sexteto de Tomás Pimentel).
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Luis Rei, BLOG "Crónicas da Terra" - Junho de 2003
"...uma
visão inovadora e universalista das tradições musicais europeias."
At-Tambur: Uma grande banda de Folk português, composta por excelentes
músicos e uma visão inovadora e universalista das tradições musicais europeias. O
álbum de estreia acabou de ser editado.
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Roteiro | Ao Vivo - "Y" - Jornal Público - Junho de 2003