Vizela
1º Festival Intercéltico de Vizela
Dois dias de novas e
velhas tradições
Dias 7 e 8 de Junho de 2002
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.Vizela vai receber,
pela primeira vez, o seu festival das músicas tradicionais, preechendo dois dias com
vários concertos trazendo grupos da Galiza, Cantábria, Catalunha e Portugal. Os
Luétiga, Nébeda e os Na Lúa são os cabeças de Cartaz, num programa recheado de
música e actividades paralelas.
O Concelho de Vizela é famoso pelas suas águas sulfurosas, que
foram descobertas já no tempo dos Romanos. A temperatura destas águas varia entre os
15ºC e os 65ºC e são normalmente indicadas para os reumatismos crónicos, afecções
neurológicas e traumáticas e doenças de pele. O balneário é um dos maiores e mais
bonitos do país, justificando deste modo uma visita.
Mas não é para tratar destes males do corpo, que a autarquia da
cidade resolveu estrear este evento. Vizela vem, assim, inscrever-se nos roteiros das
músicas tradicionais, levando a cabo um programa musical, de mostras de artesanto e
gastronomia, que irá preencher os dias 7 e 8 de Junho de 2002 - uma iniciativa que conta
com a colaboração da "Sons da Terra", inserida na programação do
recentemente criado Centro
de Música Tradicional Sons da Terra.
No plano musical, o programa abre à noite do dia 7, às 21:00h, om
o Grupo Folclórico de Stª Eulália - que apresenta um folclore bastante
singular, com bastantes influências do folclore do Baixo Minho e com algumas
reminiscências do folclore do Douro Litoral, província à qual pertencia
administrativamente até 1998. No total compõem este Grupo 52 elementos, 20 que dançam,
13 que cantam, 14 que tocam e 3 figurantes.
Uma hora depois, o grupo Português SangriSulta sobe ao palco. SangriSulta
é uma expressão da língua mirandesa (particularmente significativa em Sendim, no
concelho de Miranda do Douro), muito antiga e quase perdida, sendo mesmo apenas
reconhecida pelos mais idosos. O seu significado pode hoje em dia ser mal interpretado
mas, de qualquer modo, permanece actual, apesar de algo controverso: trata-se de um acto
de piedade para com um animal doente, sangrando para uma morte rápida e menos dolorosa. O
grupo reuniu vários músicos, com gostos e sensibilidades muito variados e cosntruiram
uma linguagem musical eclética e feita com muitas interacções com o público. A ideia
de formar esta banda folk, surgiu em Sendim em 1999 e desde então os SangrSulta têm
feito desenas de espectáculos - estando agora a pendar nas edições discográficas.
O primeiro dia fecha com os Luétiga, da
Cantábria, um grupo de veteranos, formado a partir da iniciativa de dos irmãos Fernando
e Roberto Diego e por Chema Murillo - que em 2001 retorna ao grupo, depois de alguns anos
de ausência. Incialmente esta formação, inquietados pela ausência de representantes
modernos das tradições da Cantábria, levaram até aos dias de hoje este projecto -
algumas vezes seguindo um rumo paralelo aos congéneres folk da ilhas britâncas e
franceses. De salientar, desde já, o facto de o universo musical tradicional cantábrico
se revelar particularmente fértil e expressivo no que se refere a modas de baile e
tonadas, romances e cantigas de trabalho.
O dia seguinte arranca mais cedo, pelas 16:00h, com a
participação da Banda da Sociedade Filarmónica Vizelense. Uma hora
mais tarde Sobe ao palco uma Banda de Gaitas vinda da Galiza - fechando a animação da
tarde, do palco instalado na Praça da República.
À noite, a programação arranca, pelas 21:00h, com Orquestra
Típica da Banda da Sociedade Filarmónica Vizelense, uma verdadeira
instituição cultural da cidade, tendo sido fundada em 31 de Janeiro de 1882.
Uma hora mais tarde, é a vez dos Catalões Nébeda,
uma jovem formação proveniente da Catalunha, cuja proposta artístico-cultural constitui
uma lufada de renovação francamente surpreendente e digna de figurar - já e com todo o
mérito - na vanguarda mais promissora em termos de enraizamento e modernidade. O projecto
nasceu quando o núcleo fundamental do grupo, formado por músicos provenientes das áreas
folk e tradicional, se decidiu unir com músicos dedicados a distintos géneros musicais
(abrangendo um largo espectro de opções/preferências, indo mesmo da ortodoxia da
música clássica até à mais recente experimentação na área do jazz).
Finalmente o programa musica destes dois dias de concertos encerra
com a participação dos galegos Na Lúa, que recentemente estiveram
entre nós e praticamente encheram a Aula Magna de Lisboa. Ao longo da sua discografia o
grupo Na Lúa soube sempre afirmar uma postura cultural aberta, ligada às influências,
umas mais próximas e outras mais remotas - como é o caso da música do norte de áfrica
e de Portugal, muito presentes nas escolhas dos Na Lúa. Pelo grupo passaram músicos como
Francisco pancho Alvaréz e Dario González e cantora Uxia (uma das grandes vozes da
Galiza). Hoje o grupo é uma referência incontornável no panorama da música folk na
Galiza, nunca se fechando a em fórmulas cristalizadas, assumindo os riscos da
modernidade.
Durante os dois dias, e para aqueles que pretendam ficar mais
algumas horas em companhia das músicas tardicionais, o programa oferece ainda
oportunidade de ir até ao "Bosque dos Druidas" e ficar na companhia dos
Portugueses "Lenga-Lenga" - uma formação de um Gaiteiro,
bombo e caixa que executam um repertório tradicional do norte transmontano português.
Francisco Fernandes, o gaiteiro neto de José Maria Fernandes - uma das lendárias
referèncias da Gaita de foles portuguesa - faz questão de procurar nesta música e neste
projecto a identidade passada de gerações em gerações e recebida pelo seu avô.