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FIGNINTO
Coreografia: Seydou Boro
Assistência: Salia Sanou
Bailarinos: Souleymane Badolo, Seydou Boro, Salia Sanou
Músicos: Tim Winsey (arco musical - sano ou lolo), Dramane Diabate (percussão)
Cenografia: Fousseïni Compaoré
Desenho de Luzes e Direcção de Cena: Jacob Bamogo (África), Madjid Hakimi (Europa)
Figurinos: Seg-taaba Sarl
Produção e difusão: Vincent Koala (África) e Michel Cialvo (Europa)
Secretariado : Anne Fontanesi
Gabinete de Imprensa: Jean-Marc Urrea, Marie-Pierre Vital
Co-produção:
Atelier Théâtre Burkinabé ATB,
Centre Chorégraphique National de Montpellier Languedoc-Roussillon, drigido por Mathilde
Monnier
Centre Culturel Français Georges Mélies Ouagadougou - Burkina Faso
Compagnia Salia nï Seydou
Ministère de la Culture et des Arts - Burkina-Faso
Odas-África
Seg-taaba Sarl
Com o apoio da agência intergovernamental da francofonia - ACCT
Agradecimentos:
Théâtre Contemporain de la Danse - Paris
Afaa - programme Afrique en Créations
Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine-Saint-Denis
Centre de Recherche et dÉchanges Dramatiques da Ouagadougou (CREDO)
Wakatti Arts Café
Compagnie Feeren
Compagnie Bonogo
Criação - Ouagadougou (Burkina Faso), 17 de Setembro de 1997
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Companhia Salia nï Seydou
(Burkina Faso)
Figninto (o
olho rasgado)
Coreografia: Seydou Boro, assistido por Salia Sanou
Sábado, dia 2 e Domingo, dia 3 de Dezembro (21h30)
Pequeno Auditório do CCB - Duração: 45 min."O estranho arregala os olhos para não ver nada"
Figninto é aquele que nada vê, o cego, em
língua Bambara. Vê-se só com os olhos? Vê-se realmente o que há à nossa volta? Num
mundo em que a irrevogável natureza do tempo demonstra como somos vulneráveis, será que
temos o tempo para ver? Libertamos tempo para o fazer? Sem tempo, ficamos
isolados dos outros, do mundo. O que vale a amizade, se não lhe for consagrada um momento
de atenção, o tempo para amar, para comunicar, para se encontrar. Ficamos obcecados com
a ideia de não perder tempo, poupar tempo, investir tempo em coisas úteis,
ou até tentar fazer regressar o tempo.
Com tempo, tudo que existe é efémero
A morte. Quando a morte chega, o vazio impõe-se, tenaz, feio, frio. Só se pode
então dizer: já não está, já foi, já morreu. Mas é através daquele que
morreu que se continua a viver.
Assim, manifestamos os nossos sentimentos, expondo-os aos outros: a nossa vulnerabilidade,
a nossa solidão. Algo é vislumbrado através desta maneira de olhar, deste olho rasgado
que não vê. Nem tudo é retirado pela extinção de um ser humano.
O tempo não pode ser controlado e a corrida para o fim inevitável não
necessita de ser tão frenética como algumas vezes é. Pode-se usufruir de alguns
momentos, pausas, descansos, sem pressão por parte de alguém ou de qualquer lugar. O
tempo para se encontrar, para fazer amigos, para amar não é contabilizado, é
vivido. Seydou Boro Salia Sanou, Novembro 1996
Em Fevereiro de 1993, Salia e Seydou vieram trabalhar com a coreógrafa Mathilde Monnier
em Montpellier, integrando o elenco da sua nova criação Pour Antigone. São ambos
cidadãos de Ouagadougou em Burkina Faso. Já se conheciam e tinham-se cruzado várias
vezes, mas, curiosamente, começaram a trabalhar juntos em França.
Artisticamente ambos têm muito em comum, a dança e o teatro, são formas de arte que
para eles se relacionam muito intimamente. Questionam-se frequentemente: é esta a
"psicose" do sentimento de um artista africano que necessita de atribuir um
significado e importância social a este acto criativo? Em muitos aspectos a dança
africana já não é o que era, mas de alguma maneira também não evoluiu, usando sempre
os mesmos passos, a mesma música, os mesmos significados. Apesar da modernização da
cultura e das formas de arte à sua volta, a dança africana parece ter teimado em ficar
na mesma, sem se abrir a novos contextos, a diferentes fontes de inspiração para ela
própria e outras formas de arte.
Salia e Seydou procuram respostas a estas e outras questões, procurando uma forma de
criar danças usando não só imagens visuais mas uma forma de acesso a outros sentidos,
usando como ponto de partida os passos tradicionais da linguagem africana. A sua pesquisa,
através da poderosa dualidade de trabalharem juntos, é dirigida a um novo tipo de dança
africana, uma nova forma, uma nova dinâmica. Ousmane Boundaoné, Novembro de 1996
Salia Sanou e Seydou Boro, tiveram formação na arte de interpretação tal como muitos
artistas africanos, quer isto dizer sem uma discriminação disciplinar, primeiro no
teatro, depois no cinema e então em dança e música africana, estando abertos a
influências exteriores, tiveram as suas primeiras experiências em interpretação.
Viajaram e durante os seus diversos encontros, construíram amizades com directores
artísticos famosos e coreógrafos africanos e estrangeiros.
Muito em breve, desenvolveram criações pessoais e fundaram The Company Salia
Nï Seydou sediada em Ouagadougou, em Burkina Faso e conseguiram um sucesso imediato com a
peça Le siècle des fous, um notável duo entre a tradição africana e o movimento
moderno. De imediato foram em digressão pela Europa, razão pela qual o quinteto (três
bailarinos e dois músicos de Burkina Faso) Le siècle des fous se tornou num duo, não
perdendo a sua energia e delicadeza inicial.
Esta cumplicidade de Salia nï Seydou em alternar coreógrafo/intérprete vem do
conhecimento de que a dança africana não se pode limitar à tradição. A dança
africana existe num mundo em constante mudança e à luz de outras formas de arte, é
confrontada com a nossa época. Apesar das dificuldades que as criações coreográficas
africanas encontraram em África, Salia nï Seydou, e outros coreógrafos, afirmaram a sua
arte contemporânea com um profundo e singular estilo. Através de encontros e trocas de
experiências, Salia nï Seydou tem entrado em contacto com outras culturas que
enriqueceram o seu trabalho. Finalmente, mesmo sendo através dos conhecimentos
internacionais, Salia ni Seydou espera encorajar, a sua própria companhia e outros a
viver e defender as criações africanas em África através da difusão de trabalhos e a
formação de artistas.
Em finais de 1997 criaram o espectáculo Figninto, com o qual obtiveram, um ano
mais tarde, o 2º prémio no concurso africano Deuxième Rencontres de la Création
Choréographique Africaine 1998 em Luanda, e que deu origem a uma digressão
internacional na Europa, América do Norte e África.
BAILARINOS
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Seydou Boro
Nasceu em Ouagadougou, Burkina Faso e estudou desde 1990 na companhia de teatro Feeren.
Como actor desempenhou papéis no teatro, em Marafootage de Amadou Bourou (1º festival
internacional de teatro de Bénin), posteriormente em Oeudipe-Roi de Sophocle (dirigido
por Eric Podor); em cinema, um papel no filme de Dani Kouyaté, L'héritage du griot, de
Eric Cloué Le royaume du passage (France Zimbabwe).
Simultaneamente dirige workshops para crianças (iniciação ao teatro). Em 1992
associa-se à companhia Mathilde Monnier onde participa em diversas criações, Pour
Antigone, Nuit, Arrêtez, arrêtons, arrête, Les lieux de là.
Em 1995 escreveu uma história para a companhia Cry d'Err, interpretada pelos alunos do
colegio Ulysses. Trabalhou como assistente de Salia Sanou na coreografia Le siècle des
fous (1996), que obteve o primeiro prémio no Concours de Danse Contemporaine Africaine
d'Afrique en Créations. Juntos formaram a companhia Salia nï Seydou. Com Figninto
obtiveram prémios no Segundo Encontro Coreográfico de Criações Africanas em Luanda
(Abril de 1998) no qual foi coreógrafo e assistido por Salia Sanou (Setembro de 1997) e
obtiveram também o prémio "découverte" da RFI Danse 98 (Radio France
International). Em 1998 desempenhou um papel no filme Franco-Grego de Fotini, Papadodyma e
criou o filme, La rencontre (52') sobre dança africana e contemporânea.
Salia Sanou
Nasceu em Léguéma em Burkina Faso, e estudou arte dramática na escola de teatro da
união internacional para grupos dramáticos em Ouagadougou. Obteve formação em dança
africana com Drissa Sanon (Ballet Koulédafrou of Bobo-Dioulasso), Alasane Congo (Maison
des jeunes et de la culture of Ouagadougou), Irène Tassembedo (Compagnie Ebène) e
Germaine Acogny (Ballet du 3e Monde). Em 1992 associou-se à companhia Mathilda Monnier
onde participou em diversas criações, Pour Antigone, Nuit, Arrêtez, arrêtons, arrête,
les lieux de là.
Coreografou L'heritage (1º prémio em interpretação na Semaine Nationale de
la Culture em Burkina Faso) e Le siècle des fous assistido por Seydou Boro (também
vencedor do First Prize no Concours de Danse Contemporaine Africaine d'Afrique en
Créations).
Juntos formaram a companhia Salia nï Seydou. Com Figninto obtiveram prémios no
Segundo Encontro Coreográfico de Criações Africanas em Luanda (Abril de 1998) e foi
coreografado por Seydou Boro assistido por Salia Sanou (Setembro de 1997) e obtiveram
também o prémio "découverte" da RFI Danse 98 (Radio France International).
Souleymane Badolo
Nasceu em Burkina Faso, foi bailarino tradicional e Director de les Arts et Métiers
(DAMA). Fundou a Kongoba Company para o primeiro "Choreographic Conference" em
África, bem como para a Semaine Nationale de la Culture em Burkina Faso (1992).
Em 1995 integrou o elenco de uma das peças da companhia, "Zalisa", tendo
posteriormente ido em digressão na sua própria região bem como em França e Itália.
Participou num workshop sob a direcção de Gérald Navas e foi professor em diversas
escolas.
MÚSICOS
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Tim Whinsey (lolo ou arco musical)
O seu nome verdadeiro é Winsé Timbiri Justin e nasceu em Lankoué onde aprendeu a tocar
muitos instrumentos de música tradicional. Antes de se juntar à Kongoba Company foi para
Ouagadougou dar seguimento aos seus estudos e tocar, onde conheceu outros músicos no Wasa
e no Wakatti Art's Café. Foi participante num workshop organizado no âmbito do jazz
Festival de Ouagadougou em 1997, onde tocou com Miqueu Montanaro, um trovador e músico
Provençal.
Dramane Diabaté
(percussões)
Nasceu em Burkina Faso e trabalhou como percussionista tradicional na companhia Horoya em
Nouna. Posteriormente juntou-se à Wandé Company dirigida por Moussognouma Kouyaté com a
qual foi em digressão pela Suíça. Tocou com Foliba do Adama Dramé na Costa do Marfim
bem como em digressões pela França e África do Sul. Actualmente trabalha com a
orquestra le Monde sob a direcção de Georges Ouedraogo.
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