|
Grupo de Música
de Câmara
Orpheu - Amanhã
Música Popular de CâmaraAmanhã
é o primeiro trabalho discográfico do grupo açoriano Orpheu, um sexteto sediado em
Ponta Delgada, na Ilha Terceira. São um grupo de "Música de câmara", mas
neste caso assumem-se como "música popular de câmara".
0 grupo foi fundado no início de 1996, tendo desde logo chamado a atenção da
imprensa local para a qualidade da sua música nos diversos espectáculos que realizou nos
Açores.
Os Dorpheu são formados por Rogério Medeiros no violoncelo; a Carolina
Oliveira, nas teclas; o Rui d'Apresentação na guitarra; o Paulo Carreiro na guitarra; a
Marta Pereira, na voz e percussão; e a Helena Lavouras na voz solo. Neste seu primeiro
álbum colaboraram ainda Bárbara Lombardi (voz solista), Júlia Lombardi (voz a duo e
flauta transversal), Rui Batista e Carlos Matos (guitarra) e Tentúgal (sampler, low
whistle e percussões).
O ano de 1999 foi particularmente importante para a projecção nacional dos
Orpheu. Em Maio actuaram em Coimbra, na Queima das Fitas, ao lado dos Ornatos Violeta e
dos Silence 4. Dias mais tarde, realizaram um concerto na cidade do Porto, na Casa dos
Açores do Norte. Em Outubro participaram num espectáculo conjunto de solidariedade com a
causa maubere, ao lado de artistas como Carlos Massa, Aníbal Raposo e José Medeiros. No
final do ano apresentaram?se no programa O Jardim das Estrelas, de Júlio Isidro.
As primeiras tentativas para a gravação de um CD datam de 1998, objectivo só
agora concretizado neste disco, gravado no Porto durante o mês de Abril de 2000, sob a
direcção de Emiliano Toste, que contou com a colaboração de António Tentúgal no
apoio à produção e na mistura.
Ao adoptar o nome de uma revista literária portuguesa onde colaboraram nomes
como Fernando Pessoa, Mário Sá Carneiro e Almada Negreiros e que, em 1915, iniciou o
movimento modernista, o grupo Orpheu deixa logo perceber a importância que atribui ao
texto dentro da canção. Ao longo dos 12 temas de Amanhã são musicados poemas de
escritores nacionais consagrados, dos séculos XIX e XX, como Almeida Garrett (1799 -
1854), António Feijó (1859 - 1917), Afonso Duarte (1884 - 1958), Florbela Espanca (1894
- 1930), António Aleixo (1899 - 1949), Miguel Torga (1907 - 1995) e Sebastião da Gama
(1924 - 1952).
Musicalmente os Orpheu procuram construír as suas canções apoiadas no
espírito dos textos, assumindo uma linha formal em modo de uma revisão actualizada da
contemplação renascentista. As suas linhas melódicas sugerem ambiências medievais, mas
são trabalhadas segundo perspectivas rítmicas e harmónicas mais modernas, por vezes um
pouco fechadas sobre si mesmas.
Ao longo de todo o disco, o canto assenta sistematicamente no jogo de duas vozes
femininas, quase sempre soprano e contralto, o que acaba por se tornar numa imagem de
marca do grupo. Tal como a relação contra pontística das duas guitarras acústicas que
define o sentido rítmico da música dos Orpheu, complementada pelo "tapete"
harmónico construído pelo violoncelo e pelas teclas.
|