Alentejo
Adiafa
Um alentejo de confluências
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. . . . . . . . . . .Adiafa é
formado por seis músicos, divididos por instrumentos tradicionais como o Adufe, a Caixa
de Guerra, trancanholas, triângulo, bombo, pandeireta, viola campaniça e - sobretudo -
vozes. Um disco ligado à terra do trabalho e de todas as suas confluências.
Adiafa é uma palavra que tem origem no árabe - ad_diafa - referindo-se a um
grande legado deixado pelos árabes em todo o Alentejo e Algarve. Um legado essencialmente
ligado ao trabalho da terra e aos homens que a cultivam. Adiafa é, de resto, a
celebração do convívio e do trabalho, em reunião de todos aqueles que convergiam ao
Alentejo para trabalhos agrículas - sobretudo a monda, a ceifa e a apanha da Azeitona.
Este disco fala e canta quase sempre as histórias vividas nos ambientes do
trabalho, na sua forte ligação à terra; aos amores e desamores, às saudades e à forma
como se refortaleciam os corpos cansados, através da música e das suas lembranças.
A música dos Adiafa assume a mistura de muitas refências musicais portuguesas
- que viajaram de todo o país, para se concentrarem em terras alentejanas - trazidas por
homens à procura do trabalho. Mas este disco é, sobretudo, ligado ao Alentejo e às suas
vozes, neste caso enraizadas no "Cante", misturadas com outras estéticas,
retiradas da "tradição" coral portuguesa.
Também a utilização dos instrumentos - sobretudo os adufes e as caixas de
guerra - fazem a ponte além fronteiras da terra dos homens de sol a sol. Não esquecendo,
claro está, a utilização da Campaniça - este sim um instrumento do Baixo Alentejo,
quase perdido, que agora vai sendo outra vez ouvido e tocado na região.
Só que os tempos mudaram... E é assim mesmo que o disco acaba, apresentando
uma versão "remix" de "As meninas da Ribeira do Sado" - o mesmo tema
que abre o disco. Uma versão, a piscar o olho à noite disco-dançante das noites da
cidade, como sotaque do alentejo.