Rosapaeda
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Itália
Rosapaeda
In forma di Rosa
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Segundo álbum de originais do grupo italiano que os portugueses
já conhecem dese do Festival Andanças de 2001. Este disco está fortemente ligado ao sul
de itália e à figura de Pier Paolo Pasolini, cujo título de um poema dá o nome ao
álbum.
Por Joao Maia
'In forma di rosa' é uma frase de um poema de Pier Paolo Pasolini, intelectual de
esquerda italiano, que faleceu em 1975 e que, devido às suas constantes viagens ao sul de
Itália, se tornou uma das figuras mais estimadas pelo povo daquela zona. Em jeito de
homenagem a este nome tão emblemático, a cantora italiana Rosapaeda, originária da
cidade de Bari, decidiu utilizar esta frase para baptizar o seu segundo álbum de
originais.
Rosapaeda
é uma mulher que se habituou a cantar desde que, em pequena e junto com a irmã, fazia as
lides da casa. Esse amor pela canção foi-se desenvolvendo à medida que a cantora foi
crescendo, e foi sendo alimentado e enriquecido por sonoridades provenientes dos mais
diversificados locais. Desde as melodias tradicionais do sul de Itália, passando por
África e pelos Balcãs, Rosapaeda foi evoluindo e incorporando pedaços de diferentes
culturas para criar o seu próprio estilo. Mas foi no reggae que a cantora encontrou o seu
principal amor, no que à música diz respeito, o que a levou a formar uma banda
(Different Stylee) que se focava essencialmente neste estilo. Depois do fim deste projecto
conheceu Eddi Romano, o seu actual acordeonista e compositor, e iniciou um projecto que
começou com um disco intitulado "Facce", e que tem, para já, neste 'In Forma
di Rosa' a sua mais recente concretização.
O disco abre com "Bari Mediterranica", uma apresentação da cidade da cantora,
para que quem tenha algumas dúvidas relativamente à direcção apontada para este
trabalho, rapidamente as dissipe. É um disco que, apesar de mesclar muitas influencias,
é claramente uma homenagem às raízes culturais do sul de Itália, o que se nota nos
arranjos dos temas, nos instrumentos utilizados, e essencialmente na extraordinária
torrente de emoções que emana da voz desta italiana. Quer em registos mais enérgicos,
ou mais calmos, a voz de Rosapaeda ilumina de uma forma quase mágica todo o disco. É
verdadeiramente uma maravilha escutar esta mulher projectar todos o seus sentimentos
através da sua voz, quer cante em italiano ou em dialectos menos comuns, como por exemplo
o greco-salentino.
O álbum é bastante consistente, o que lhe valeu o prémio de melhor disco folk de 2001
para o site alemão Folkroots (http://www.folkroots.de), porém gostaria de destacar
alguns temas: "Mamme nan ge Steie", o segundo tema do álbum, é talvez aquele
em que se fica com uma ideia melhor do alcance da voz da cantora. É também fantástico
escutar aquela que é
seguramente uma das maiores vozes da folk italiana, juntar-se a um dos maiores músicos
daquele país, Riccardo Tesi, que contribui com o seu organetto (acordeão diatónico)
para aumentar a qualidade do álbum no tema "V'Neit Oh Tr'zzareul". E para se
ter uma ideia do conjunto de influencias sempre presente, escute-se também a
"Piccola Folia", uma pizzica (ritmo tradicional da provincia do Salento),
transformada por completo com um ritmo africano e com umas piscadelas de olho ao reggae.
Rosapaeda disse, numa entrevista ao site americano Rootsworld (http://www.rootsworld.com),
que para ela "a musica é um terrível silêncio se não despertar quaisquer
sentimentos em quem a ouve". Quem escutar este disco pode ficar descansado porque a
cantora não nos dá nunca hipótese de ficarmos em silêncio. E esperemos que assim
continue durante muito tempo.
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