Berroguetto
Foto de Oscar López
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Programa
Fermoselle
3 de Agosto de 2006
23:00h DRD (Astúrias)
Sendim
4 de Agosto de 2006
22:00h Célio Pires
(Miranda)
23:15h Hexacorde (Castilla/Léon)
00:30h Lunasa (Irlanda)
Sendim
5 de Agosto de 2006
22:00h Mielotxin (Navarra)
23:15h Berroguetto (Galiza)
00:30h Hevia (Astúrias)
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Sendim
VII Intercéltico de Sendim
Dias 3, 4, 5 e 6
de Agosto 2006
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Os irlandeses Lúnasa, os galegos Berroguetto, o mirandês Célio Pires,
os Mielotxin de Navarra, o mediático asturiano Hevia e os também asturianos DRD são
alguns dos argumentos do excelente cartaz da sétima edição do Festival Intercético de
Sendim.
A sétima edição do Festival Intercéltico de Sendim, que se realiza entre 3 e 6 de
Agosto de 2006, começa em Espanha, na vizinha localidade de Fermoselle, em Terra de
Sayago. Trata-se de algo inédito mas que só pode ser estranho ou surpreendente para quem
não conhecer as relações que sempre se registaram nesta região fronteiriça entre as
gentes de Sendim e as gentes de Fermoselle.
Desde tempos que já se perdem muito para além das memórias dos mais velhos que as
gentes de ambas as localidades se encontram regularmente, partilhando vivências e
convívios. E sempre se estabeleceram entre ambas as comunidades as mais diversas
relações económicas, culturais e sociais, potenciadas pela proximidade física (ambas
se encontram em pleno coração das Arribas do Douro, no Parque Natural do Douro
Internacional).
A partilha de um fundo cultural comum entre a Terra de Sayago e a Terra de Miranda acabou
por ser determinante para, ao longo destes seis anos de celebrações intercélticas, se
terem concretizado diversas iniciativas de intercâmbio e de convívio (entre as quais
não podemos deixar de destacar, a título de exemplo, a realização, no âmbito das
actividades musicais do festival na sua edição de 2002, do I Encontro de Tamborileiros
de Miranda e Sayago).
O programa está recheado de grandes referências e novos valores da música de raiz
tradicional europeia, elevando as terras de Miranda a um ponto de paragem obrigatório a
todos aqueles que procuram descobrir novas estéticas musicais, a par de rever ao vivo
alguns dos maiores ícones do nosso tempo.
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3 de Agosto de 2006 (Fermoselle)
DRD
Violino, bouzouki e
flauta, eis os alicerces instrumentais de um trio de virtuosos que trabalham tendo por
base o repertório instrumental asturiano e que fazem adaptações de temas cantados, com
especial predilecção pelo repertório da região ocidental asturiana. Os propósitos
foram, logo desde o início, claramente enunciados: DRD quer abrir uma nona porta no campo
expressivo da folk acústica asturiana. O seu estilo caracteriza-se por uma grande
efervescência criativa, que garante a multiplicidade das propostas, as diversas focagens
e a existência de distintas motivações no momento de se aproximarem dos repertórios
eleitos, desde as mais festivas às mais puramente artísticas. Mas dentro desta notável
variedade, é de assinalar o facto de os grupos que estão agora activos nas Astúrias se
apresentarem sob a forma de agrupamentos relativamente numerosos: das bandas de gaitas aos
grupos-padrão folk (constituídos nas Astúrias por uma base rítmica de cordas, voz e
três ou mais instrumentos melódicos), os músicos tradicionais não se afastam nem do
repertório nem do fundo cultural, mas sim da forma. Durante algum tempo demasiado
tempo, dirão os mais conhecedores da cena folk asturiana escassearam as
formações instrumentais verdadeiramente inovadoras, verificando-se uma preponderância
das formações básicas de duos de gaita e tambor, de conjuntos de canto e pandeiretas,
assim como das bandinas tradicionais (com instrumentais integrando acordeão, clarinete,
gaita e percussão). De facto, quer a música vocal quer a música instrumental
encontravam-se praticamente limitadas a estas combinações básicas e é justamente neste
contexto de formato simples - que não simplista! que Dolfu Fernández, Ruben Bada
e Diego Pangua, ao criarem o trio DRD, se propuseram explorar e recuperar para a musica
folk mas sem renunciar a riqueza harmónica que advém de instrumentos recentemente
aproximados a tradição, como e o caso do bouzouki e da guitarra.
4 de Agosto de 2006 - 22:00h
CÉLIO PIRES
Célio Pires nasceu em
8 de Janeiro de 1976 na aldeia de Constantim, aldeia situada na raia seca do concelho de
Miranda do Douro, no seio de uma família que nos tempos livres deixados pelas actividades
agrícolas se consagrava a momentos de festa e de alegria, com a indispensável presença
da música tradicional mirandesa. Seu pai foi um apreciado tocador de castanholas, caixa
de guerra, bombo e realejo, bem como um dançador de reconhecidos méritos. Especialmente
recordado é um seu tio-avô, com a alcunha de Tiu Argana, que trabalhava a madeira como
poucos e que Célio Pires evoca de modo assaz esclarecedor: "Ainda por parte do meu
pai, existia um tio-avô dele que era um dos melhores torneiros da região, a par do Tiu
Fuseiro, de Genísio. O Tiu Argana trabalhava a madeira divinamente, sobretudo na
construção de fusos, de peões, de fraitas e de gaitas de foles. O torno,
como é evidente, era (e ainda é) de madeira, movido a pedal, com uma roda pedaleira
feita a partir de um moinho de água, porque nessa altura não havia jantes de carros e se
a roda pedaleira fosse de madeira não tinha o peso suficiente para dar a meia volta que o
pé não acompanhava e tinha uma correia, feita de pele de vaca, para ligar a parte
superior para dar rotação ao pau que ia ser trabalhado.
4 de Agosto de 2006 - 23:10h
HEXACORDE com VANESSA MUELA
Quando surgiu o álbum de estreia dos
Hexacorde, intitulado Perpetuum Mobile e publicado em 2004, desde logo ficou claramente
definida a postura do jovem grupo em termos de actualização de repertórios tradicionais
e de inscrição de novas composições em contextos expressivos de uma herança-legado de
um tempo presente: O motivo da criação deste grupo resultou do interesse dos seus
integrantes pela procura de uma nova sonoridade, servida por arranjos inovadores, para
recriar e divulgar o imenso repertório tradicional da música de Castela e Leão. Porém
e pese embora o facto de alguns dos músicos de Hexacorde serem oriundos de formações
musicais claramente tradicionais, o projecto incidia na busca de um som inovador, com
arranjos suficientemente atrevidos de modo a evidenciarem uma inequívoca intenção de
renovação mas conservando, em simultâneo, os elementos musicais que caracterizam a
música tradicional castelhana. Assim, depois de alguns anos de elaboração de um
repertório de recuperação de temas tradicionais e de arranjos dos mesmos, Hexacorde
começou a compor temas próprios aplicando estruturas, ritmos ou motivos da tradição
musical castelhana sobre melodias e harmonias totalmente novas e de autor. Deste modo, os
temas resultantes conservam os elementos musicais que caracterizam a música castelhana,
conformando em simultâneo um novo repertório à base de entradillas,
brincaos, jotas, ajechaos, polkas,
pasodobles, fox-trot, pasacalles, titos,
bailes de rueda
E a prova advém do acompanhamento, em diversas
actuações, de um ou mais pares de baile tradicional castelhano que, sem preparação
prévia, são capazes de executar os bailes completos sobre estes novos temas. Além
disso, os elementos do grupo especializaram-se no acompanhamento com música tradicional
de diversas celebrações sociais, tais como cerimónias religiosas, dianas,
passacalhes, romarias, actos institucionais, etc.
4 de Agosto de 2006 - 00:30h
LÚNASA
Três jovens músicos
irlandeses, em 1997, zarparam para terras da Escandinávia, em digressão. A recepção e
o acolhimento que as gentes nórdicas lhes dispensaram suscitaram-lhes o entusiasmo para
que, uma vez regressados às esmeraldinas paragens, com mais dois amigos, decidiram
percorrer pubs e tabernas da Irlanda, gravando todas as sessões. Uma breve deslocação
à Austrália e, de novo na Irlanda, avançariam com a auto-edição de um disco, contendo
extractos das actuações ao vivo realizadas em Westport, Cork, Dublin e Galway. Um disco
singularmente intitulado Lúnasa. Era, realmente, tempo de celebrar uma colheita de
superior qualidade, com sementes de futuro. De tal modo que Matt Molloy, dos Chieftains
(por cujo bar, At Molloys, tinham passado na sua primeira digressão irlandesa),
depois de os ver tocar, exclamou: Recordam-me o grupo com o qual eu costumava
tocar! Da Irlanda, do ponto de vista musical, tem-se a ideia de uma poderosa
dominante da corrente mainstream, veiculando a permanência expressiva de base
acentuadamente ortodoxa. No entanto, trata-se de uma visão parcelar e algo desfocada: se,
na verdade, a música tradicional irlandesa, na sua feição mais ortodoxa, constitui uma
dominante, não é menos verdade o aparecimento constante de projectos propondo-se
ultrapassar tais parâmetros delimitadores. Trata-se, afinal, na esmagadora maioria dos
casos, de assumir os impactos e confrontos entre a tradição e a modernidade, numa
atitude de verdadeira criação cultural que, em derradeira análise, fornece o húmus
revivificador da própria tradição. Como, aliás, o grupo fez questão de frisar logo no
início da sua carreira: A tradição está muito aberta a novos caminhos. É impossível
querer isolar-se de todas as influências que nos rodeiam, porque vivemos num mundo que
no-lo recorda em cada momento que passa.
5 de Agosto de 2006 - 22:00h
MIELOTXIN
Mielotxin é o nome de
uma personagem central dos populares carnavais que se realizam em Lantz, povoação
situada a cerca de duas dezenas de quilómetros da cidade de Pamplona. Segundo rezam as
crónicas da etnografia local, um bandido histórico da região, chamado Miel Otxin, teria
sido um dia capturado, julgado e condenado pelo povo. De muitos anos a esta parte, a sua
cara acaba sempre por ser queimada no final das celebrações carnavalescas, como símbolo
da derrota dos malfeitores. Ao criar Mielotxin explica Iñigo Aguerri, membro
fundador e líder do grupo - o objectivo principal era o de conseguir manter activo um
grupo estável em Navarra, capaz de contribuir par abrir o panorama musical existente
nestas terras, baseando-se não só na nossa tradição musical mas também em
composições próprias e procurando, pouco a pouco, dar-se a conhecer fora das suas
fronteiras. E quisemos de alguma maneira recolher o testemunho deixado por um grupo que se
dissolveu há muitos anos, chamado Numídia, pois creio que Navarra é uma terra que
esteve muito abandonada no que se refere à música folk. E é algo paradoxal, pois sempre
que se recuperaram temas daqui, isso foi da responsabilidade de músicos não navarros,
pelo que nos parece que já é tempo de se ir colmatando esta lacuna. Seria determinante
para a construção da personalidade musical dos Mielotxin esta consciência de fortes
implicações culturais sobre o panorama folk na Navarra, de algum modo se
consubstanciando numa espécie de mandato de acção susceptível de inverter a
situação. O que, na folk, se nos afigura de irrecusável relevância, uma espécie de
postulado ou paradigma que, se ignorado, inviabiliza em grande parte o desejável
enraizamento expressivo (localização espacial). Iñigo Aguerri faz questão de ter bem
presente o facto de a Navarra se encontrar numa situação geográfica muito especial,
sujeita a múltiplas influências culturais, o que de modo algum pode ser ignorado ou
menosprezado, podendo mesmo constituir um factor multiexpressivo de enorme importância
criativa.
5 de Agosto de 2006 - 23:15h
BERROGÜETTO
A notícia surgiu na
primavera de 1995, sugerindo-nos que algo de importante se podia legitimamente esperar da
cena folk galega: músicos com créditos firmados em grupos como Armeguín, Matto Congrio,
Fia na Roca, Fol de Niu, Chouteira, Xorima, Dhais
, reuniram-se para formar o grupo
Berroguetto. E a primeira caracterização desta nova formação era atractiva: o som do
grupo situa-se no mesmo epicentro da contemporaneidade da música popular galega, sem
renunciar às composições cuidadas ou à experimentação, com um sentido de fusão
equilibrado e criterioso. Ou seja, um diálogo moderno de tradição/modernidade com
deliberada vocação para o contacto com o público. Junho de 1995 começou sob o signo do
VII Festival Internacional Folk Cidade Vella, em Santiago de Compostela, com os
Berroguetto a repartirem, nesse dia chuvoso e frio, o palco com os Xarín (Galiza), Sharon
Shannon (Irlanda), Doa (Galiza) e Vai de Roda (Portugal). Logo após os primeiros acordes,
percebemos que Santiago Cribeiro (acordeão, teclados), Isaac Palacín (percussões,
bateria), Paco Juncal (violino), Kiko Comesaña (bouzouki, harpa), Guillermo Fernández
(guitarra acústica, baixo) e Anxo Pintos (gaita, violino, flautas, sax) estavam ali para
garantir que algo de novo estava a surgir, conscientes da necessidade de superar velhos
traumas e anteriores experiências. E Santiago Cribeiro, como todos os membros do grupo,
tenham um conhecimento muito profundo sobre o panorama da folk na Galiza.
5 de Agosto de 2006 - 00:30h
HEVIA
Nos já algo remotos
tempos de 1991, acabaria por ser marcante para os irmãos José Angel (na qualidade de
gaiteiro) e Maria José Hevia Velasco (desempenhando as funções de percussionista) o
facto de terem obtido o primeiro prémio do prestigiante Trofeo de Jóvenes Interpretes,
na VI Muestra de Folklore Tradicional, organizado pelo Instituto de la Juventud, na área
expressiva da música tradicional, o que lhes permitiu demandar os estúdios para a
gravação de um primeiro disco, singularmente intitulado Hevia (com edição pela Karonte
Records). Neste disco com José Angel a tocar gaita asturiana, acordeão
diatónico, bombo e guira e Maria José tambor, acordeão diatónico, bombo e caixa clara
participaram também Marta Arbas (pandeiro, pandeireta e castanholas), Joaquin Diaz
Méndez (teclados), Jorge Méndez Garcia (órgão barroco) e o grupo folk Boides (grupo no
qual José Angel chegou a participar). Daquele primeiro disco sairia um tema, La
Procesión, para uma compilação, intitulada Naciones Celtas, que conheceu grande
êxito em Espanha.
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