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Lançamento
Lisboa@Com.Fusion
A nova autoestima musical portuguesa
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Nesta margem atlântica da Europa o olhar volta-se para o mundo. As
fusões musicais criadas em Portugal afirmam a sua diferença em relação às de outras
movimentações europeias. É este o mote de um disco que vai agitar a autoestima musical
portuguesa.
Lead: Adaptação sobre o texto de David Mourão
Ferreira
Texto: David Mourão Ferreira
Várias gerações de artistas, nascidos aqui ou além mar, declinam passado e presente
num espaço sonoro que reúne referências a diversos pontos do planeta. Levados pelo
impulso de memórias íntimas, actualizam fragmentos de herança e inventam variações
rítmicas e harmónicas. Os sotaques enriquecem a musicalidade da língua portuguesa.
Lisboa@com.fusion é um tecido denso de texturas urbanas onde aparecem fios do passado
rural e marítimo, cores de muitas outras terras e brilhos da galáxia electrónica.
Lisboa@com.fusion é também uma deambulação diurna e nocturna pela cidade. Os bairros
multiplicam contrastes de vivências e ambientes. Nas esquinas sobrepõem-se as épocas.
Postais típicos e estruturas contemporâneas. Cruzam-se silhuetas, personagens e
enredos... A capital portuguesa é uma metrópole europeia de dimensão aconchegante. Os
artistas dirigem-se a um público que conhecem. O canto envolve-se no espaço da conversa,
o tom é de diálogo caloroso e confidente. Num singular convívio, confundem-se
emoções, ansiedades e desejos.
Muitos temas reflectem aspirações da juventude. Em tons menores e batidas surdas,
expressam-se tensões contemporâneas. O ambiente é de inquietação. Existências em
risco. Os rasgos de sofrimentos são contidos. A atitude não é de resignação. Os
acentos leves não são de escape. A urgência é projectar-se para além do imediato
corriqueiro, em busca de outros territórios que conjuguem o íntimo e o desconhecido. É
uma saudade do futuro, um pulsar de energia, um desejo de algo diferente.
Partindo de uma situação periférica, no limiar entre vários mundos, as vozes de
Lisboa@com.fusion inserem-se num movimento de energias contemporâneas, atitudes e
estéticas que percorrem o planeta.
1. SODADE+ROSINHA DOS LIMÕES (Edit) - LULA PENA
A jovem Lula Pena recria com extrema sensibilidade
um repertório português e brasileiro. Sons e emoções correspondem-se em tonalidades de
força e fragilidade. A sua interpretação de "Sodade" e "Rosinha dos
Limões" conjuga as raízes lusófonas numa vibração de corpo e alma.
2. PARA CINQUENTÕES (Edit) - AMÉLIA MUGE
Foi na vivência em Moçambique que Amélia Muge
sentiu o impulso de partir "A Monte" em busca de melodias e harmonias estranhas
e familiares. O seu universo é marcado pela força poética da língua portuguesa e o
diálogo com as polifonias do mundo. As suas composições, complexas e fluidas, impõem
com lirismo contido encontros surpreendentes.
3. À PORTA DO MUNDO - FILIPA PAIS
Filipa Pais tem associado a sua voz às de grandes
artistas portugueses, brasileiros e cabo-verdianos, em criações exemplares da nova
dinâmica lusófona. As suas interpretações estilizadas de fados, músicas tradicionais
e canções de jovens compositores, o seu timbre e a sua personalidade brilham pela sua
elegante simplicidade.
4. PARAGEM NO DESERTO - JOÃO AFONSO
Inspirado nas reminiscências da sua infância
moçambicana, avivadas pelo convívio com músicos africanos de Lisboa, João Afonso tem
afirmado o seu singular talento. Abrindo para os sons do mundo, as suas criações
desenham paisagens de lá e de cá, situações e silhuetas de ontem e de hoje, irmanadas
por sonhos melancólicos.
5. TRANSPARENTE - MARIZA
Uma Estrela nasceu... e brilha nos palcos do mundo.
Visual singular, entrega comovente e modernidade sem fronteiras são trunfos pelos quais
Mariza expressa a sua paixão pelos grandes autores e criadores do fado ao mesmo tempo que
trilha o seu próprio roteiro pela pluralidade cultural portuguesa.
"Transparente" refecte a personalidade desta jovem nascida em Moçambique. A voz
dança nas inflexões desenhadas por Rui Veloso, como sobre as águas que unem e separam
Portugal e África.
6. EVOCAÇÃO DO CANTO
CIGANO - RÃO KYAO
Há um quarto de século que o saxofonista Rão Kyao
percorre os caminhos que ligam Portugal ao Oriente, em reencontros que revelam nas
melodias lisboetas ecos das Índias, Arábias e Ásia. Numa atitude muito jazzística,
este músico excepcional condensa em cada tema uma viagem vertiginosa no tempo e no
espaço.
7. POVE PODÊ PÔL NA
TCHON - MARIA ALICE
Maria Alice alia capacidades vocais excepcionais com
a subtileza e a sensibilidade da expressão. Rodeada pelos melhores músicos
cabo-verdianos na capital portuguesa, ela interpreta um repertório que projecta a
musicalidade das ilhas para horizontes mais amplos.
8. RAFAEL OU A COR DE
MOÇAMBIQUE - MARIA JOÃO E MÁRIO LAGINHA
Maria João percorreu um caminho que a levou do jazz
ao mundo lusófono. As suas múltiplas aventuras musicais com o pianista Mário Laginha
fazem-nos partilhar sabores fortes e subtis. Em "Cor" o duo navega pelo Índico
permitindo a Maria João o reencontro com as suas raízes moçambicanas.
9. GUILHERMINA - TITO PARIS
Foi em Lisboa que Tito Paris afirmou os seus
talentos de guitarrista, compositor e cantor e o som de uma nova geração cabo-verdiana.
O convivio e as parcerias com músicos portugueses e africanos têm alimentado o seu gosto
por harmonias e fusões.
10. ETHNIC EMOTIONS - OTIS
Em Portugal há 18 anos, o saxofonista moçambicano
Otis demonstrou o seu virtuosismo junto de grandes músicos e cantores. Afirmou o seu
próprio estilo e repertório: sonoridades e impulsos africanos confluem com dinâmicas
afro-americanas, chegando naturalmente aos ambientes da modernidade electrónica.
11. NZAMBI NZAMBI PAULO
FLORES
O jovem Paulo Flores já tem doze anos de carreira
entre Lisboa e Luanda. Nas suas invenções e variações angolanas e lusófonas, a
presença sensual da rítmica fica envolvida em suaves harmonias. Interpretado em duo com
a cabo-verdiana Sara Tavares, "Nzambi Nzambi" é um canto fúnebre dedicado a
uma criança desaparecida.
12. A ANDORINHA DA
PRIMAVERA (Dusted Remix) - MADREDEUS
Os Madredeus têm apresentado para ouvintes e
plateias do mundo o universo sonoro de um Portugal em reconstrução de identidade. Na
quase transparência das canções sentem-se o passado e o futuro. As fusões de
"Madredeus Electronico" não são simples remixes; sons e batidas programados
habitam o espaço esculpido pelas guitarras e a voz de Teresa Salgueiro.
13. FUBA EXPERIENCE - KALAF
Kalaf Ângelo veio do sul de Angola e cresceu no
meio das novas fusões lisboetas. Insere o tributo à criação africana nas rítmicas
urbanas contemporâneas. A sua forma de declamar - um "falar ritmado" -
conjuga-se com diversas expressões musicais e visuais.
14. PRIMAVERA DE
DESTROÇOS - MÃO MORTA
Desde 1984 que os Mão Morta lançam, a partir de
Braga, letras radicais e provocatórias, acompanhadas de um som muito "hard". A
pertinência, a qualidade musical e a força criativa têm sido sempre renovadas, por
exigências temáticas e desafios estéticos, acompanhados de fortes concepções visuais.
15. ATITUDE CONSTRUTIVA - MIND DA GAP
O trio portuense Mind da Gap destaca-se no hip-hop
nacional pela coesão humana e musical e pela coerência de atitudes. Emoções e anseios
são expressos numa linguagem despojada e poética, envolvida em densa musicalidade.
Personagens, situações e cenários surgem em sequências quase cinematográficas.
16. KAMA KOVE (Edit) - COOL HIPNOISE
O "groove" do Cool Hipnoise singulariza-se
por batidas e ambientes que remetem para um "soul" - canto da alma - denso e
leve. Ao longo de um percurso diversificado por acid jazz, funk, reggae, techno... com
participações de várias personalidades, o trio reinventa o seu som inconfundível.
17. SIGUE SIGUE - DA WEASEL
A poderosa dinâmica musical e as letras percutantes
dos Da Weasel transmitem uma energia avassaladora que faz de cada disco, concerto e vídeo
um acontecimento. O seu estilo marcado enriquece-se de um leque de variações -
referências, tonalidades, cores - num hip-hop transcontinental, aqui com a participação
dos cubanos Orishas.
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