Manecas Costa
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Programa
Quinta-Feira, dia 21
de Julho, 22:00h
Zap Mama
(Bélgica)
Quinta-Feira, dia 21
de Julho, 23:30h
Manecas Costa
(Guiné-Bissau)
Sexta-Feira, dia 22 de
Julho, 22:00h
Ali Farka Touré
(Mali)
Sexta-Feira, dia 22 de
Julho, 23:30h
Mabulu
(Moçambique)
Sábado, dia 23 de
Julho, 22:00h
Ray Lema & Chico
César
(Congo/Brasil)
Sábado, dia 23 de
Julho, 23:30h
Waldemar Bastos
(Angola)
Domingo, dia 24 de
Julho, 22:00h
Tito Paris
(Cabo Verde)
Domingo, dia 24 de
Julho, 23:30h
Lura
(Cabo-Verde)
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Lisboa
África Festival
O continente da diversidade
Lisboa, Parque de Monsanto -
Auditório Keil do Amaral
De 21 a 24 de Julho de 2005, 22h
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África Festival enche por completo o
Auditório Keil do Amaral, do parque de Monsanto de Lisboa, com o melhor da música de
raizes africanas. Com Zap Mama, Ali Farka Touré, Ray Lema & Chico César, Tito Paris,
Manecas Costa, Mabulu, Waldemar Bastos e Lura.
A ideia já tem três anos e surge com o plano de revitalização do "central
park" da cidade de Lisboa - fazendo com que os Lisboetas passem a frequentar Monsanto
para o seu lazer de fim de semana e não só. Nessa estratégia encaixa-se a promoção de
concertos ao ar livre num belo espaço - desta vez com a promoção do África Festival -
certame com um dos melhores cartazes deste verão. Absolutamente a não perder.
Quinta-Feira, dia 21 de
Julho, 22:00h
Zap Mama (Bélgica)
As Zap Mama surgem com uma mistura ecléctica de estilos algures entre o Soul, o Gospel e
os ritmos afro-cubanos. Com a ajuda de gestos e uma infindável imaginação, as 5 vozes
acrobatas prenderam o público numa maravilhosa volta ao mundo, fazendo uma pausa para de
repente visitar o souk do Congo ou viajar sobre o Taj Mahal. Sting e Peter Gabriel
manifestaram interesse logo em 1991 quando as Zap Mama lançam o seu primeiro trabalho,
sem título, mas é David Byrne quem acaba por editá-lo pela Luaka Bop. Em 1993 o grupo
estava no top dos CDs mais vendidos da World Music, um sucesso consolidado com o
segundo disco Sabsylma - premiado com um Grammy. Numa segunda fase Marie Daulne
torna-se o ponto central da banda e o único elemento da formação original. Com Michael
Franti edita 7, um disco com uma sonoridade mais virada para o funky, decorrente da
introdução das teclas, guitarra, baixo e percussão e incorporando elementos de rap e
hip hop, revelandose mais versátil e assumindo-se no campo da afro-pop. A Ma Zone (In My
Zone) é o 4º disco da banda. Melancólico e exuberante, traça uma fina linha entre o
Soul do passado e a tecnologia do futuro. Destacam-se as notáveis contribuições dos
seus músicos convidados: Manu Dibango, The Roots e Speech dos Arrested Development. Nesta
fase Marie Daulne vai para Nova Iorque, participa na banda sonora de Missão
Impossível II, participa em alguns trabalhos como convidada, integra a banda de
Erikah Badu na tournée de 2003 e junta-se à comunidade The Roots. Nasce assim Ancestry
in Progress, em colaboração, entre outros, com Ahmir ?uestlove Thompson,
Anthony Tidd Rich Nichols. A maior parte das músicas foram co-produzidas e escritas por
Marie Daulne depois de chegar aos Estados Unidos, reflectindo muito da sua experiência na
América ...O beat americano é uma revolução em todo o mundo...toda a
gente o ouve e toda a gente o segue, mas o beat dos Estados Unidos foi inspirado pelo beat
que veio de África. Não apenas pela estrutura, mas pelo seu som. Esta é a fonte das
sonoridades modernas, a história do beat, começando pelos pedaços de madeira que batem
um contra o outro e chegando aos actuais sound-system...
Marie Daulne voz | Mandjeku Lengo
guitarra | Chantal Willie baixo e voz | Ida Nielsen baixo | Luc
Weytjens - teclas | Yassine Daulne - DJ, Rap | Patrick Dorcean - beteria, loops | Fredy De
Mauser Massamba - voz, percussão, rap | Tanja Daese - coro | Lene Christensen - coro
Quinta-Feira, dia 21 de Julho, 23:30h
Manecas Costa (Guiné-Bissau)
Manecas Costa nasceu em 1967, em Cacheu, Guiné-Bissau, é Mandjako, cantor, compositor e
um guitarrista virtuoso. Em criança teve a felicidade de conhecer José Carlos Schwarz, o
mais importante músico da Guiné-Bissau, um encontro que o inspirou a pegar na guitarra.
Começou a tocar com 9 anos e juntamente com o seu irmão mais velho, Nelson, criou o
grupo Africa-Livre. Aos 10 anos foi convidado a colaborar com a Orquestra
Aragon. Autodidacta, durante a adolescência Manecas Costa era já uma figura conhecida
pela sua formidável técnica na guitarra acústica e baixo eléctrico, pela sua voz
carismática e apaixonante e pelas suas composições, cujas letras se centram nas
tradições, assuntos e preocupações da Guiné-Bissau, muitas delas em questões
relacionadas com as mulheres e crianças. Em 1987 foi convidado a participar no festival
anual Découverte, organizado pela Radio France Internacional, um importante
showcase para os novos talentos de África, Caraíbas e Pacífico, marcando a sua primeira
exposição internacional. No mesmo ano, com 20 anos de idade, foi nomeado Embaixador da
Boa Vontade, pela UNICEF. Nesta fase participa em vários festivais em Cabo-Verde, Angola,
Itália, Portugal e Coreia do Norte. Em 1990 decide radicar-se em Lisboa e grava com o
apoio da UNICEF Mundo di Femia, o seu primeiro álbum a solo. Este sucesso
lança-o numa nova carreira de produtor e arranjador, bem como de cantor e compositor,
produzindo muitos discos de artistas africanos residentes em Portugal. Foi guitarrista de
Waldemar Bastos e trabalhou de perto com Bana, Paulino Vieira e Sara Tavares, tendo
igualmente gravado com muitos músicos internacionais. Produziu o seu segundo álbum
Fundo di Matu nos estúdios da EMI, em Lisboa e dois dos temas foram
incluídos na compilação Palop África (Sterns music,2001). Paraiso di
Gumbe saiu em Maio de 2003 pela editora BBC Late Junction, produzido por Lucy Duran
e Jerry Boys, gravado parcialmente num estúdio móvel na Guiné-Bissau e em Londres, nos
estúdios Livingston. É um álbum acústico e eléctrico que explora os sons vibrantes e
crus da Guiné-Bissau, conjugados com a sua inimitável voz e forma de tocar, bem como
algumas das suas composições originais mais sublimes.
Manecas Costa voz e guitarra |
Gogui Embalo - baixo e voz | Fernando Carlos bateria e voz | Marcelo
Costa guitarra e voz
| Domingos Sa percussão e voz | Ademir Mimito Lopes teclas |
Maria Sobral voz | Vânia Oliveira voz
Sexta-Feira, dia 22 de Julho, 22:00h
Ali Farka Touré (Mali)
Autodidacta, aos 20 anos dominava fluentemente 7 línguas do Mali, bem como o ngoni,
a njarka e a flauta de bambu de Peul, aos quais mais tarde junta a percussão, a bateria e
o acordeão. A sua carreira musical começa nos anos 60 com a Troupe 117, quando o Mali
declara a sua independência. Associa-se mais tarde à Radio Mali Orchestra, também como
engenheiro de som, o que lhe permite uma abordagem tecnológica ao universo da música. Os
anos 70 foram um período de intensa actividade musical no Mali, em que começam a surgir
influências de outros estilos, dos quais se destaca a música de dança de Cuba, a rumba
do Zaire, as guitarras da vizinha Guiné e a música dos cantores afro-americanos como
James Brown, Otis Redding e Aretha Franklin. Ainda hoje Ali é fã de todos eles em
parte, diz, por encontrar neles muitas das suas tradições. De todos os estilos, aquele
que considera mais semelhante ao seu é o Blues e sobretudo na música de John Lee Hooker
(com quem tem a oportunidade de tocar em 1991), encontra ecos da música de Tamascheq. As
suas músicas celebram o amor, a amizade, a paz, a terra, os espíritos, o rio e o Mali,
expressos em densas metáforas. Em todo o seu trabalho é visível a sua pesquisa sobre a
música e cultura locais, numa vontade expressa de as preservar
para as gerações futuras. Em 1980 regressa a Niafunké, sua cidade natal e em 1987 viaja
para fora de África Europa, EUA, Canadá e Japão - , para os seus primeiros
espectáculos a solo através da editora World Circuit. Com eles grava The
River, The Source e Talking Timbuktu. Este ultimo, de 1993,
em colaboração com Ry Cooder
e que o fez conquistar um Grammy, tornando-se assim o seu maior sucesso internacional. Em
1996 edita Radio Mali (uma colecção de temas dos seus 5 primeiros álbuns),
que nos oferece algumas das suas melhores prestações acústicas. Em 2003 participa no
documentário Feel Like Going Home, de Martin Scorsese e em 2004 é lançada a
versão digitalmente remasterizada de Red & Green. É também em 2004 que
faz as suas primeiras gravações, após 5 anos, a serem lançadas este ano (2005) pela
World Circuit. Estas gravações fazem parte de uma trilogia de álbuns gravada pela World
Circuit em sessões no Hotel Mandé, em Bamako, Mali. O primeiro em lançamento é um
duplo álbum de Ali e Toumani Diabaté chamado In the Heart of the Moon. O
terceiro será o novo álbum a solo de Ali.
Ali Farka Touré voz, guitarra | Ali
Magassa guitarra, voz | Basekou Kouyate ngoni | Souleymane Kane
cabaça, djembé, voz | Oumar Hamadoun Touré congas, voz | Oumar Diallo
baixo
Sexta-Feira, dia 22 de Julho, 23:30h
Mabulu (Moçambique)
A tradicional Marrabenta encontra pela primeira vez o som emergente do Rap e do Hip Hop
moçambicano. A ideia de criar o projecto Mabulu surgiu em 1998, quando o produtor Roland
Hohberg (proprietário do primeiro estúdio privado em Moçambique) convidou o artista de
Marrabenta Khass Khass e o jovem rapper Chiquito, para juntos gravarem um álbum,
intitulado I Know where I come from, but dont know my destination. Em
Outubro 99 Khass Khass morre com 32 anos e Roland convida então Lisboa Matavel, um
músico de Marrabenta da velha guarda, para trabalhar com Chiquito, bem como outros
artistas António Marcos, a jovem cantora Chonyl e três músicos da banda
Mix Malta - Zoco, Eduardo e Jorgito. Com estes 7 músicos de gerações
diferentes o projecto foi chamado MABULU que significa à procura de diálogo
pela necessidade de tolerância e compreensão entre gerações. Em 2000 MABULU
grava o seu primeiro álbum Karimbo e em 2001 Soul Marrabenta. Já
com vários espectáculos agendados pela Europa, MABULU coloca lado a lado, após décadas
de rivalidade, Lisboa Matavel e Dilon Djindji, para uma série de concertos enquadrados em
importantes festivais europeus. Em Janeiro de 2002 o grupo actua pela primeira vez na
África do Sul, no Jazzathon Festival, em Cape Town e dois meses depois a banda é nomeada
para Melhor Revelação, pela BBC Radio 3 World Music Awards, em Londres, UK.
Em Julho MABULU actua pela primeira vez em Portugal, no Festival de Músicas do Mundo, em
Sines, onde é produzido o vídeo ao vivo de Maria Teresa, cantado por Dilon
Djindji. Em Março de 2004 começam a trabalhar no novo vídeo
Maldeyeni, cantado por António Marcos e produzido pela GAP Music Media,
Alemanha. O grupo também participou no filme Marrabentando, produzido por
Karen Boswall, apresentando Dilon Djindji, António Marcos e MABULU. Em Outubro partem
para a 5ª tourné europeia, altura em que a cantora Chonyl abandona a banda e é
substituída por Loide. Em Janeiro de 2005 MABULU grava um tema em solidariedade para com
as vítimas do Tsunami, na Ásia e participa em acções de solidariedade em Moçambique.
O novo vídeo Podina, cantado por Dilon Djindji é produzido por Marcel
Rutschmann e Roland Hohberg. No passado dia 6 de Maio foi lançado o 3º álbum pela
Vidisco, com 14 temas remisturados dos seus trabalhos anteriores, produzido por Roland
Hohberg e Mr. Arssen. Este espectáculo insere-se na 6ª tourné europeia da banda e conta
com a participação do cantor ragga Mr. Arssen.
Dilon Djindji voz | Antonio Marcos
guitarra e voz | Zoco guitarra | Jorgito bateria e voz | Edu
baixo | Chiquito voz/rap | Loide voz | Mr. Arssen voz/ragga
Sábado, dia 23 de Julho, 22:00h
Ray Lema & Chico
César (Congo/Brasil)
Ray Lema nasceu no Congo (Zaire), actual República Democrática do Congo e é,
reconhecidamente, um dos mais importantes nomes da música africana de todos os tempos,
figurando como maestro, compositor, cantor e instrumentista. Assimilou as mais diversas
referências musicais como Bach, Beethoven, Mozart, The Beatles, Jimi Hendrix e rumba
congolesa, para além de ter um profundo conhecimento das etnias africanas, pelo que as
suas composições transmitem o sentido das diferentes culturas numa medida particular.
Mais do que um extraordinário músico ou compositor, Ray Lema talvez devesse ser chamado
de construtor de pontes. Poucos artistas têm como ele a capacidade de fundir os elementos
da sua música nativa com o que existe de mais notável na música de outras culturas.
Chico César nasceu em Paraíba, Brasil. Em 1995 lançava o primeiro CD "Aos
Vivos" (Velas) e tornou-se nacionalmente conhecido em 1996 através do segundo
álbum, "Cuscuz Clã". No terceiro CD, "Beleza Mano", mergulhou na
cultura negra com participações do zairense Lokua Kanza, o grupo coral negro Família
Alcântara, os rappers Thaíde e DJ Hum, Paulo Moura entre outros. "Mama
África", "À Primeira Vista" e Onde estará o meu Amor são os
seus principais hits. Compositor consagrado, tem músicas gravadas por artistas como Maria
Bethânia, Elba Ramalho, Daniela Mercury, Zizi Possi, Emílio Santiago, Gal Costa e Ivan
Lins. Desde que se encontraram pela primeira vez no Brasil em 1998, Ray Lema e Chico
César sentiram uma ligação musical preciosa. Os dois começaram a tocar violão juntos
e Ray ficou emocionado por encontrar alguém no Brasil que tocava exactamente -
como os músicos de uma região específica do Congo. A ideia de um espectáculo em
conjunto nasceu no entanto quando os dois se encontraram em dezembro de 2003, no Rio de
Janeiro, onde se apresentaram nos mesmos dias mas em lugares diferentes. Mesmo assim eles
conseguiram por quatro dias consecutivos participar no espectáculo um do outro, e foi aí
que eles perceberam que queriam (muito) mais.
Ray Lema voz e piano | Chico César
voz e guitarra | Louis Bilong baixo | Simone Soul percussão e
bateria | Catherine Renoir percussão e voz | Isabelle Gonzales coros
Sábado, dia 23 de Julho, 23:30h
Waldemar Bastos (Angola)
Eu derramei a minha alma neste disco Renascence. Não tanto um
renascimento. Mais uma renovação ou uma revitalização. O novo álbum de
Waldemar Bastos contém muito daquilo que os seus fãs vão considerar reconfortantemente
familiar. A dignidade e autoridade que são a sua imagem de marca. A voz quente e cheia de
alma. O magnífico dedilhar da guitarra, tanto acústica como eléctrica. Mas este é
também um Waldemar Bastos como nunca ouvimos antes. Nascido na fronteira de Angola com o
Congo, em 1954, Waldemar Bastos começou a cantar e a fazer música muito cedo.
Cinco séculos de colonização levaram a que crescesse a ouvir muitas canções de
muitas culturas diferentes, explica. Além dos sons africanos que, naturalmente,
absorvia de todo o ambiente que o rodeava, ouviu muita música brasileira e cita os
Beatles, Nat King Cole, os Bee Gees e Carlos Santana como as suas primeiras influências
não-africanas. Mas, com a guerra pela independência a intensificar-se, Angola não era
um sítio fácil para viver. Ainda estudante, Waldemar foi detido e preso pela policia
secreta colonial portuguesa. Após a independência de Angola, em 1975, uma sangrenta
guerra civil tomou conta do país. Waldemar, relutantemente, concluiu que este não era um
ambiente propício ao desenvolvimento e crescimento de um músico e, numa visita a
Portugal, em 1982, decidiu não regressar. Foram muitas as mudanças, tanto no mundo como
na vida de Waldemar, desde a última vez que ouvimos falar dele, passados que são sete
anos do lançamento do seu último álbum, Pretaluz/Blacklight. Entretanto, houve tempo
suficiente para assimilar e reflectir e houve muita coisa para assimilar e
reflectir. No ano passado, ele regressou à sua Angola natal, pela primeira vez em mais de
uma década, para celebrar a chegada da paz ao seu país. Este ano, cumpriu os cinquenta
anos, outro marco que o levou à reflexão. Agora, em Renascence, todas estas
experiências dão o seu fruto. É um disco que não só resume a trajectória da sua
vida, como também imprime uma nova maturidade e profundidade à sua música, pelo que é,
num verdadeiro sentido, o álbum da sua vida. Dirigido pelo produtor e programador, da
Jamaica e do Reino Unido, Paul 'Groucho' Smykle (Gregory Isaacs/ Bad Audio Dynamite/ Black
Uhuru/ Baaba Maal), Renascence foi gravado em Espanha, Alemanha, Turquia e Londres.
Waldemar Bastos voz, guitarra acústica
| Dizzi guitarra eléctrica | Toni Dudu guitarra eléctrica | Komba Bellow
percussão | Elias bateria, voz | Zeze percussão, voz | Bibi Hammond
baixo | Caxuxa voz
Domingo, dia 24 de Julho, 22:00h
Tito Paris (Cabo Verde)
acústico com Orquestra de Câmara
Tito Paris nasceu na Ilha de S. Vicente, em Cabo-Verde. Ao deambular pelo passado,
lembra-se muitas vezes das suas escapadelas pelos bares, às escondidas da mãe,
aproveitando as ausências do pai, quando este, marinheiro, andava embarcado. O miúdo
franzino, não tinha ainda dez anos e andava sempre com a sua guitarra, na qual a irmã
lhe ensinou os primeiros acordes. Tocou com os irmãos e com Bau (seu primo) já muito
hábil no cavaquinho, que se tornou também ele célebre mais tarde. Absorveu os
conselhos, a sabedoria e os conhecimentos do clarinetista Luís Morais e do pianista Chico
Serra. Com dezanove anos parte para Lisboa, chamado por Bana, para tocar no seu grupo Voz
de Cabo Verde. Com a cabeça cheia de sonhos, Tito Paris inicia a sua grande aventura a
partir deste momento. Após quatro anos emancipa-se da Voz de Cabo Verde, com quem cresceu
muito musicalmente, sobretudo graças a Paulino Vieira. Torna-se um dos nomes mais
conhecidos do meio musical caboverdiano em Lisboa. Em 1985, produz ele próprio o seu
primeiro álbum, um disco exclusivamente instrumental, que põe em evidência todo o seu
talento de guitarrista. Forma o seu próprio grupo, e grava em 1994, Dança mi
criola, cartão de visita que o dá a conhecer a toda a diáspora cabo-verdiana.
Surgem Graça de Tchega em 1996, depois duas gravações ao vivo, das quais o
27 de Julio 1990 que saiu no ano de 2001. Entre as várias gravações, de
Oslo a Nova Iorque, da Luisiana a Paris, o animador das noites africanas de
Lisboa visita muitos países. Guilhermina, o seu novo álbum, supera os
êxitos anteriores. A voz rouca dos blues afirma-se, apresenta-se de uma forma instintiva.
A guitarra ostenta uma eloquência ainda mais apaixonante. Uma indescritível melancolia e
movimentos bamboleantes e insinuantes, uma profunda manifestação de saudade,
uma serenidade dolorosa, a nostalgia que caracteriza constantemente a música
cabo-verdiana, bem como as coladeiras, o funáná, são propostas felizes e grandes
tentações para dançar. Ao preservar a singularidade, o génio crioulo, a tradição da
música cabo-verdiana, Tito Paris, embaixador voluntário e entusiasta da alma musical do
seu país, abre também portas e janelas e estabelece pontes. Cria, sem nunca esquecer as
suas raízes. Este espectáculo é o sonho da sua vida profissional. O repertório é
constituído pelas canções do seu último CD Guilhermina, pelos grandes
êxitos da sua carreira, bem como por canções que fazem parte do grande património
colectivo caboverdeano. Conta com a presença de uma orquestra de câmara composta por 7
violinos, 3 violas, 2 violoncelos e 1 contrabaixo aos quais se juntaram os 5 músicos
caboverdeanos que o acompanham há muitos anos e um naipe de 4 metais num total de 22
músicos em palco.
Tito Paris voz, guitarra | Manuel Paris
baixo eléctrico | Ciro Bertini piano acústico | Jair percussão,
voz | Toy Paris bateria, voz | Toy Vieira cavaquinho, voz | Tomás Pimentel
trompete, fliscorne | Luis Cunha trombone | Daniel Salomé saxofone,
clarinete | António Barbosa 1º violino | Ana Elisa Ribeiro - 1º violino | Raquel
Cravinho 1º violino | Francisca Fins 1º violino | Paulo Viana 2º
violino | Jorge Vinhas 2º violino | Filomena Lezé 2º violino | Ricardo
Mateus violeta | Lúcio Ferreira violeta | Andrea Rafael violeta |
Tiago Ribeiro violoncelo | Carlos Faria violoncelo | João Panta Gomes
contrabaixo
Domingo, dia 24 de Julho, 23:30h
Lura (Cabo-Verde)
Oiçam Lura. E depois vejam-na em palco, em corpo e alma, pura beleza crioula, com uma voz
que não cabe nela. A experiência que ganhou no teatro, na companhia Plano Seis,
ajudou-a, conforme reconhece, a interpretar as suas canções. Porém, o essencial é
inato. E o essencial é a paixão, a energia juvenil e, claro, o poder arrebatador de uma
voz verdadeiramente única, na qual durante anos ela própria não acreditava.
"Achava que tinha uma voz de bagaço", conta, "e tinha vergonha de cantar
até os Parabéns a Você". Nascida em Lisboa, em 1975, descobriu-se cabo-verdiana,
sem nunca deixar de ser portuguesa, através do crioulo aprendido com as amigas da escola.
Hoje orgulha-se de falar e de escrever as suas composições, no crioulo fundo, do mais
fundo chão das ilhas. "Nha Vida" redime o seu álbum de estreia, com o mesmo
título, lançado em Lisboa a 31 de Julho de 1996, dia do seu vigésimo primeiro
aniversário. No ano seguinte a canção é incluída na colectânea "Onda Sonora Red
Hot + Lisbon", e a extraordinária voz de Lura sobressai, com o esplendor de um metal
recém polido, por entre todas as outras. Acrescente-se que entre essas outras vozes
estão algumas das mais belas, e mais conhecidas, de todo o vasto mundo onde se fala a
língua portuguesa: Marisa Monte, Caetano Veloso, Teresa Salgueiro, Filipa Pais, Djavan,
Bonga. Em 2002, já com a chancela da Lusáfrica, Lura apresenta o seu segundo álbum:
"In Love". Sete das doze canções do disco foram escritas pela própria
cantora, uma das poucas mulheres a compor, no riquíssimo universo da música crioula.
"Di korpo ku alma" é o seu mais recente trabalho, com temas da sua autoria
Só um cartinha, Nha Vida e Tem um hora pa tude
- ; temas do falecido Orlando Pantera Batuku, "Na ri na",
"Vazulina" e "Raboita di Rubon Manel"; temas de Tcheka - jovem estrela
em ascensão na música das ilhas, que comparece com duas fortes apostas, ambas repescadas
do álbum anterior, "Tabanka assigo" e "Ma´n ba dês bês kumida
dâ"; uma velha canção dos saudosos Bulimundo, "Tó Martins", sobre a
emigração; e finalmente "Dzê que Dzê", de Vaíss e Luís Lima e "Padoce
di Céu Azul", de Valdemiro Ferreira (Vlu), que Tito Paris já antes gravou em
"Guilhermina". Oiçam a Lura, uma voz em suave combustão, a um só tempo doce e
acre, dando-nos razões para viver. Uma voz que nos leva pela mão e nos adormece no
regaço.
Lura voz e tchabeta | Toy Vieira
piano | Aurélio guitarra | Jair percussão | Cau Paris bateria |
Lúcio Vieira baixo
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