Porto e Lisboa
José Mário Branco
Um empreendor resistente
Porto, Coliseu, dia 1 de Maio de 2004
Lisboa, Coliseu dos Recreios, dia 7 de Maio de 2004
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. . . . . . .Depois de um longo
interregno desde "Correspondências" de 1990, José Mário Branco edita um novo
disco com temas inéditos, que irá apresentar nos Coliseus do Porto, dia 1 de Maio e de
Lisboa no dia 7. Dois concertos, absolutamente a não perder.
Durante todos estes anos, o compositor manteve-se envolvido em projectos
colectivos nas áreas de música, cinema, teatro e política. E no ano em que se comemora
o jubileu de 30 anos do "25 de Abril", José Mário Branco presenteia-nos
novamente com a sua música.
Desde que gravou o seu primeiro disco, há trinta anos ("Seis Cantigas de
Amigo", 1967), José Mário Branco tem-se mantido permanentemente activo. Muitas
vezes como compositor, outras como cantor, músico, actor (no teatro ou no cinema),
arranjador, orquestrador, militante, cooperativista, radialista. Só que 0 seu ritmo não
respeita as regras insaciáveis do mercado da música e as esquivas voluntárias à
ribalta têm sido vistas por muitos como deserções. Por ele, não. A (única deserção
que se lhe conhece é antiga, de uma guerra onde não quis matar irmãos. História
escrita, com exílio em Paris (1963-74) e um disco a fazer desse gesto arma: "A Ronda
do Soldadinho" (1969).
Na primeira metade da Década de 70, o trabalho de José Mário Branco pode
dividir-se em duas fases. A primeira é a do exílio/resistência, com grande actividade
junto dos emigrantes (musical, teatral, política), a gravação dos seus dois primeiros
LPs e um trabalho, notável, como autor dos arranjos de "Cantigas do Maio" e
"Venham Mais Cinco", de José Afonso. A segunda é a fase pós-revolucionária
onde, já em Portugal e derrubada a ditadura, o cantor se desmultiplica por projectos
colectivos, na política, na música (GAC), no teatro (como compositor e actor na Comuna e
no Teatro do Mundo) e no cinema (escreve para a banda sonora dos filmes "A
Confederação", "Gente do Norte", "0 Ladrão do Pão").
A década de 80 é a da catarse, a descida aos infernos da desilusão, o ajuste
de contas com uma geração e os seus fantasmas. "Ser
Solidário"/"FMI" (1982) e "A Noite" (1985) são os testemunhos
gravados da primeira metade desses anos de chumbo. Até à década seguinte, José Mário
Branco divide-se entre a actividade da UPAV, uma cooperativa de músicos que ajudou a
fundar em 1983, e a composição para cinema e teatro. Isto além de arranjos e
participações em discos de outros músicos, como Carlos do Carmo e Janita Salomé.
Entretanto, reunia já aquelas que viriam a ser as canções do seu sexto LP
"Correspondências", editado em Novembro de 1990. De então para cá, sem deixar
o cinema e o teatro, tem dado especial atenção ao trabalho com outros músicos e
compositores, como Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa, Camané, Rui Júnior ou José
Peixoto ("Bom Dia Benjamim"), participando nos seus discos e em diversos
espectáculos.
Em 1995, também fruto de outro trabalho colectivo, foi lançado o duplo CD
"Maio Maduro Maio", gravado ao vivo, onde ele surge ao lado de João Afonso e
Amélia Muge a cantar temas de José Afonso. E em 1996, com a chancela da EMI - Valentim
de Carvalho, foram finalmente reeditados em CD todos os seis LPs que José Mário Branco
gravou em seu nome desde 1971 até 1990.
Em 1997, José Mário Branco volta à actividade em nome próprio com um
concerto no CCB a que se seguiram mais cinco no Teatro da Trindade, Coliseu do Porto e
Teatro Gil Vicente em Coimbra, que viriam a gerar o registo "José Mário Branco ao
vivo em 1997". Em 1999 sai a colectânea "Canções escolhidas 71-97".
Os concertos de apresentação do novo disco estão já confirmados para os dias
1 de Maio, no Coliseu do Porto e 7 de Maio, no Coliseu de Lisboa.