Pedro Caldeira Cabral
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Lançamento
Pedro Caldeira Cabral
Memórias da Guitarra Portuguesa
Lisboa, FNAC Colombo,
dia 11 de Maio de 2003, 18:00h
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Um CD duplo, que conta cinco séculos de
História da Guitarra Portuguesa, pela mão de um dos seus maiores conhecedores. Corpo e
alma para aquele que é um dos mais aclamados instrumentos da cultura musical do nosso
país: a guitarra portuguesa.
Primeiro no CCB, dia 15 de Fevereiro e cinco dias depois em
Coimbra, no dia 20, Pedro Caldeira Cabral levou aos palcos um concerto que evoca o
percurso musical de cinco séculos de história, através de alguns dos exemplos mais
representativos do repertório da guitarra portuguesa.
Sob a égide de um instrumento que é peça central na tradição
do Fado, Pedro Caldeira Cabral - reconhecido especialista na guitarra portuguesa -
propõe-nos um programa de grande amplitude cronológica: Desde as danças renascentistas
de Alexandre de Aguiar (c.1520-1578) e do grande Luis de Milán (c.1500-1560), passando
pelo universo barroco com obras de Sylvius Leopold Weiss (1686-1750) e Carlos Seixas
(1704-1742), o concerto trará ainda à ribalta o nome de Carlos Paredes, através de
algumas das suas obras mais marcantes, terminando com um pequeno grupo de peças assinadas
pelo próprio Pedro Caldeira Cabral.
Além de Pedro Caldeira Cabral, participaram ainda Joaquim António
Silva, na viola, e Duncan Fox, na espineta e contrabaixo. O Festival de Guitarra de
Coimbra é constituído por 10 concertos, de periodicidade mensal, onde toda a música tem
uma relação directa com a guitarra portuguesa e com outras guitarras.
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Memórias da Guitarra Portuguesa
Por Pedro Caldeira Cabral
O instrumento a que damos hoje o nome de Guitarra Portuguesa foi
conhecido até ao século XIX em toda a Europa sob os nomes de Cítara (Portugal e
Espanha), Cetra (Itália e Córsega), Cistre (França), Cittern (Ilhas Britânicas),
Cister e Zittern (Alemanha e Países Baixos).
Tendo como origem directa a Cítara europeia do Renascimento, por
sua vez filiada na Cítola Medieval, a actual Guitarra Portuguesa sofreu importantes
modificações técnicas no último século (nas dimensões, no sistema mecânico de
afinação, etc.), tendo no entanto conservado a afinação peculiar das cítaras, igual
número de cordas e a técnica de dedilho própria deste género de instrumentos.
Em Portugal, o seu uso está documentado desde o século XIII
(Cítola), nas mãos de Trovadores e Menestréis, e no século XVI (Cítara), estando de
início confinado aos círculos da côrte, terá posteriormente sido alargado a outros
níveis populares e por isso encontramos referências à utilização da Cítara no Teatro
e também nas Tabernas e Barbearias , sobretudo nos séculos XVII/XVIII.
Em 1582, Frei Phillipe de Caverel ao visitar Lisboa e descrevendo
os seus costumes, cita a estima dos portugueses pela Cítara a par das Violas e outros
instrumentos como o Adufe, a Harpa, etc. No catálogo da Livraria Real de Música de D.
João IV (1649), encontramos também vários livros, contendo o reportório erudito mais
importante de autores estrangeiros dos séculos XVI e XVII e que pela sua complexidade e
dificuldade técnica, pressupõe a existência de executantes altamente qualificados no
nosso país.
No início do século XVIII, Ribeiro Sanches (médico famoso e
vítima da Inquisição) recebia lições de Cítara na cidade da Guarda, conforme o
próprio revela em carta a seu pai, pedindo dinheiro para pagar as lições ao seu mestre.
Mais adiante nesse século, chegam-nos notícias diversas do uso da
Cítara, com alusão ao reportório partilhado com outros instrumentos como o Cravo ou a
Viola e que incluem Sonatas, Minuetos, etc. É nesta época (ca.1760) que chega a Portugal
a chamada Guitarra "Inglesa", um tipo de Cítara europeia cuja estrutura interna
foi modificada por construtores ingleses e alemães, a qual é acolhida com grande
entusiasmo pela nova sociedade burguesa mercantil instalada na cidade do Porto e
praticante da chamada "música de salão" , constituída pelas
"lânguidas" modinhas, os "arrastados" minuetos e os
"picantes" lunduns, como eram qualificados na época.
Esta Guitarra tem uma difusão limitada aos círculos da alta
sociedade, nunca se popularizando e acaba por desaparecer no fim do século XIX com a
revitalização da Cítara popular, causada pela associação desta com o Fado de Lisboa.
Em 1858, encontramos a última referência detalhada à Cítara, na
obra de Fétis "A Música ao alcance de todos", cuja tradução portuguesa
contém um glossário, no qual se descrevem as diferentes características (afinação,
inserção social, reportório, etc.) da Cítara e da Guitarra desta época. Concluindo, o
programa de hoje revisita a memória de um percurso musical de cinco séculos, com alguns
dos exemplos mais representativos do reportório da Guitarra Portuguesa.
Pedro Caldeira Cabral 2002
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Biografia
Pedro Caldeira Cabral
Nasceu em Lisboa em 1950. Ainda na infância, inicia o estudo da Guitarra Portuguesa, da
Guitarra Clássica e da Flauta doce. Mais tarde estuda solfejo, contraponto e harmonia com
o Prof. Artur Santos. A partir de 1970 inicia o estudo do Alaúde, da Viola da Gamba e de
outros instrumentos antigos de corda e de sopro, vindo mais tarde a fundar e dirigir os
grupos La Batalla e Concerto Atlântico, especializados na interpretação da Música
Antiga em instrumentos históricos.
Entre 1967 e 1975, frequentou vários cursos de composição de
música contemporânea, tendo trabalhado com Karel Goyvaerts, Constança Capdeville, José
Alberto Gil e Jorge Peixinho. Sendo um autodidacta na Guitarra Portuguesa, desenvolveu
como compositor, um estilo próprio fundado na tradição solística da Guitarra, com
incorporação de técnicas originais e elementos resultantes do estudo dos instrumentos
antigos das tradições cultas e populares da Europa Mediterrânica.
Como intérprete tem alargado o reportório solístico da Guitarra,
fazendo transcrições de obras de Bach, Weiss, Scarlatti, Seixas, entre outros e
apresentado publicamente novas obras originais de autores contemporâneos.
Tem realizado investigação na área da música tradicional
(Organologia musical), tendo colaborado com o Dr. Ernesto Veiga de Oliveira na segunda
edição de "Os Instrumentos Musicais Populares Portugueses" - Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa,1983 e na 3ª edição (capítulo novo) datada de Janeiro
2001.
Fundou e dirige desde 1987, o Centro de Estudos e Difusão de
Música Antiga, e no seu âmbito coordena exposições-conferências sobre organologia
musical antiga (séc. XIII a XVII), concertos didácticos em escolas e programas musicais
para os vários grupos que dirige.
Tem também coordenado programas de edição musical e de estudos
sobre temas musicais. Desde 1970 tem dado, na qualidade de solista, concertos nas
principais salas e festivais da Europa, Estados Unidos da América, Macau e Brasil. Membro
do júri do 1º Festival de Música do Mediterrâneo realizado em Antalya, Turquia (1986),
Pedro Caldeira Cabral tem efectuado conferências e seminários sobre temas musicais na
Europa (França, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Suécia e Turquia) e EUA. Fez a
pré-produção e a direcção artística do Festival de Guitarra Portuguesa na EXPO'98.
Em 1999 foi editado o livro "A Guitarra Portuguesa" de
sua autoria, sendo esta a primeira obra monográfica sobre as origens e evolução
histórica, estudo organológico e reportório do instrumento nacional. Comissariou as
exposições monográficas "Portuguese Guitar Memories" apresentada no Convento
de Santa Agnes de Boémia em Praga, República Checa em Setembro de 2000 e "À
descoberta da Guitarra" no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, em Maio de 2001.
Fez programas nas seguintes emissoras de Televisão: RTP
(Portugal), WDR, ZDF e NDR (Alemanha), BBC e Granada TV (Inglaterra), ORTF (França), VPRO
(Holanda) e TV Globo e TV Cultura de S. Paulo (Brasil). A sua discografia a solo inclui:
Guitarras de Portugal, Tecla (1971); Encontros, Orfeu (1982); A Guitarra nos salões do
século XVIII, Orfeu (1983); Pedro Caldeira Cabral, EMI (1985); Duas Faces, EMI (1987);
Guitarra Portuguesa, GHA (1991); Momentos da Guitarra, Fenn,(1992); Variações,
Mediem/WDR (1993); Música de Guitarra Inglesa, BMG/RCA Classics (1998); Guitarra do
Século XVIII, F M, (2000); Memórias da Guitarra Portuguesa, F M (2000); Sons da Terra
Quente, FM (2000) e The Enchanting Modinhas and the English Guitar, Radical Media
(2001).
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Arquivo Agenda
Fevereiro 2003 Dia 15 Lisboa, CCB - Pequeno Auditório, 18h |
Dia 20 Coimbra, Auditório do Instituto Superior de Engenharia, às 21h
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