Luis Represas - Uma das caras do
"Venham mais Cinco"
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Grupos participantes
Adiafa,
Aeminuim, Ala dos Namorados, Alcoolémia, Ana Moura, Ana Sofia Varela, André Indiana,
André Sardet, Anjos, Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, Banxe, Belle Chase
Hotel, Blind Zero, Boss AC, Brigada Victor Jara, Bunny Ranch, Camané, Carlos Alberto
Moniz, Carlos do Carmo, Ceia dos Monges, Coldfinger, Coral de Pias, Crude , Da Weasel,
Dany Silva, Delfins, Despe e Siga, Emanuel, Ena Pá 2000 , Entre Aspas, Filipa Pais,
Fingertips, Flood, Fonzie, Gaiteiros de Lisboa, Gig , Gil do Carmo, GNR, Grace, Guto,
Inês Santos, Jaguar , Janita Salomé, Jim Dungo, João Afonso, João Pedro Pais, João
Portugal, Jorge Palma, José Mário Branco, LF Cool, Loopless, Lúcia Moniz, Luis
Portugal, Luís Represas, Mafalda Veiga, Mesa, Mind Da Gap, Moçoilas, Mónica Sintra, Né
Ladeiras, Nuno Barroso, Paulo Gonzo, Paulo Ribeiro, Pedro Abrunhosa, Pedro Barroso,
Plastica, Pólo Norte, Quadrilha, Quinta do Bill, Rádio Macau, Rao Kyao, Reacções
Verbais, Renderfly , Ronda dos Quatro Caminhos, Rui Veloso, Sam, Sally Lune, Squeeze
Theeze Pleeze, Sérgio Godinho, Sofia Gaspar, Sons do Centro, Sónya Costa, Susana Félix,
Tara Perdida, Tito Paris, Toranja, Tozé Azambujo, Toy, Tucanas, Trio Odemira, UHF,
Vitorino, Vozes da Rádio, Wonderland, Xutos & Pontapés, Yellow W Van,
Zedisaneonlight.
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Quatro Cidades
Mega Concertos pela música portuguesa
Coimbra, Lisboa, Stª
Maria da Feira e Beja, dia 6 de Abril de 2003
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Dia 6 de Abril, 100 nomes da música portuguesa
desfilaram, em tom de reivindicação, por quatro palcos em outra tantas cidades. No
centro das atenções está o incumprimento das quotas de transmissão de música
portuguesa na rádio.
Lisboa, Stª Maria da Feira, Coimbra e Beja são as cidades que se
associaram a este movimento, que reúne músicos, alguns produtores e empresas de
espectáculos, solidários com o movimento lançado por músicos para alertar para
ausência de promoção da música portuguesa. São vários os nomes que aderiram a esta
iniciativa, dividindo-se plos quatro palcos, logo a partir das 14 horas até à meia
noite, do dia 6 de Abril.
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Opinião
O paradoxo do sucesso
Muito se tem dito e escrito sobre o estado da música
portuguesa e a forma como esta é promovida nos meios de comunicação e também a forma
como isso afecta os criadores nacionais, os respectivos empresários e todo o mercado da
música com selo nacional.
Em causa está uma lei dos anos 80, que - à semelhança do que
aconteceu em Espanha e França - obriga as estações de rádio a emitirem pelo menos 40%
de música de origem nacional nas suas emissões, facto que tem sido, segundo acusam os
músicos nacionais, ignorado pela maioria das estações.
Em todo o caso, depois de lançada a plataforma "Venham mais
Cinco" - que reúne vários músicos portugueses - a RDP e da RTP levaram os tons da
reivindicação aos portugueses, através de debates, envolvendo rádios, editoras e
criadores. No caso da RTP, mais que um debate, a estação pública avançou com uma
maratona de discussão - ocupando mais de cinco horas.
Só que não foi preciso tanto tempo para mostrar que o problema em
discussão está longe de ser simples. Por um lado, estações como a RDP Antena 3 - uma
rádio dedicada a um segmento de público específico e também ela impulsionadora da
música moderna portuguesa - não cumpre as quotas pela alegada ausência de novidade
musical no mercado; tal como afirmam os responsáveis daquela estação.
Por outro lado, a RDP Antena 1 cumpre e excede largamente as quotas
de transmissão, mas não passa todo o tipo de música, nomeadamente a corrente
"pimba" - a música comercial de índole popular. Ainda assim, quem sintonizar
uma rádio local, é muito provável que encontre sobretudo música ligeira e popular
portuguesa - muitas vezes em crescente competição com a suas congéneres vindas do
Brasil.
A verdade é que cada estação, antes de decidir qual a quota de
música portuguesa que quer ou é capaz de cumprir, tem um critério musical, orientado a
um público alvo. O que faz com que, mesmo cumprindo as quotas, nem todos os criadores
são abrangidos. Ou seja, a lei fala de "quantidades" e não de
"critérios".
As editoras e o produto musical
Aparentemente mais esquecida, acaba por ser uma outra grande ausência: as editoras
e o seu papel na produção e no marketing dos produtos nacionais.
Nos últimos anos, foi-se perdendo o fôlego na produção musical
nacional, em grande parte pela substituição do mercado por produto estrangeiro, mais
organizado e com grandes economias de escala na sua promoção. Algumas etiquetas
nacionais limitam-se a apoiar o trabalho de estúdio dos artistas (ou por vezes nem isso),
ficando ao abandono o resto da cadeia de valor de uma obra musical: a sua produção,
promoção e venda.
De resto, tudo isto só confirma as suspeitas pelas quais a música
feita em portugal tem tantas dificuldades em conquistar ouvidos além fronteiras. A
música portuguesa, ao sentir-se orfã de proteccionismos, avança alheada dos fundamentos
dos mercados - que, na ausência de esforços, fica à mercê dos critérios de massas.
Em resumo: este movimento à volta da música portuguesa, ao
confinar o problema da "sobrevivência" ao papel das rádios, corre o risco de
ser tão redutor, que - antes de alterar esse estado das coisas - aí sim, a música
portuguesa pode abrir falência sem aviso prévio. Mesmo continuando a ser nossa e boa.
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