Lisboa
Jordi Savall
Duas estreias de música antiga ibérica
Dia 18 de Dezembro, Grande Auditório
da Gulbenkian, às 19h
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Jordi Savall regressa mais uma vez ao nosso
país, participando no Ciclo de Música Antiga da Gulbenkian. Neste concerto irá estrear
no nosso país duas peças ainda sem registo discográfico. A não perder, no dia 18 de
Dezembro, no grande auditório Gulbenkian.
A Infanta D. Maria Bárbara de Bragança, filha de D. João V e
Rainha de Espanha pelo casamento com Fernando VI, morreu em Madrid a 27 de Agosto de 1758.
Apaixonada pela Música, fora em Lisboa discípula de Domenico Scarlatti, que levou
consigo para Madrid quando do seu casamento com o herdeiro da Coroa espanhola. Aí, antes
e depois da ascensão do marido ao trono, Maria Bárbara converteu-se numa protectora
constante da Música e dos músicos da sua Corte, distinguindo-se ela própria como
compositora e possuindo, segundo uma fonte da época "todos os primores da Música,
quer enquanto Ciência quer enquanto Arte, ou seja, tanto na teoria como na
prática".
Sob a sua protecção, a Capela Real espanhola alcançou um
esplendor musical só comparável ao do Século de Ouro, promovendo cerimónias
litúrgicas monumentais para as quais os melhores compositores espanhóis da época eram
chamados a compor obras sacras de grande aparato, sobretudo na época festiva do ciclo do
Natal, marcada por uma atmosfera de júbilo e celebração, ou na época penitencial do
ciclo da Paixão, em que se procurava, pelo contrário estabelecer na liturgia um clima de
dramatismo intenso. Este mesmo ambiente trágico, sem perda da monumentalidade dos meios
vocais e instrumentais utilizados, era característico das cerimónias fúnebres em honra
de qualquer membro da Família Real.
Jordi Savall, um dos maiores nomes do panorama internacional da
Música Antiga, regressa à temporada de Música da Fundação Calouste Gulbenkian no
próximo 18 de Dezembro com um programa que evoca precisamente este período áureo da
História da Música ibérica. Trata-se de um concerto de Música sacra preenchido por
obras de José de Nebra (1702-1768), que desempenhou as funções de Vice-Mestre da Capela
Real espanhola e foi objecto de particular protecção artística por parte da Rainha D.
Maria Bárbara.
O programa procura, precisamente, colocar em confronto as duas
atmosferas extremas que marcaram o repertório sacro da Capela Real espanhola no auge do
Barroco. Por um lado evoca a figura de D. Maria Bárbara com a execução de grande parte
da Missa de Requiem composta por Nebra para as exéquias da soberana, bem evocadora da
sensação de perda trágica sentida pelos músicos da Corte de Madrid face à perda da
sua protectora; por outro lado recria o ambiente celebratório dos dias felizes da vida da
Rainha com a apresentação das Matinas de Natal escritas pelo mesmo compositor para a
Capela Real espanhola.
Ambas as obras tem a sua estreia absoluta em Portugal neste
concerto e não existe ainda de qualquer delas registo discográfico, pelo que este
concerto constitui uma oportunidade única para contactar com a Música de um dos mais
relevantes compositores peninsulares do século XVIII.