Fundão
IV Semana Cultural das
Terras de Xisto
Fundão, Silvares, de 21 a 27 de Julho
2002
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Silvares, no Fundão, recebe um programa repleto
de espectáculos exclusivos - muitos deles desenvolvidos em ateliers de criação, com a
participação directa das populações. Uma ideia nova, que conduz a vários resultados
originais.
Encarada como uma festa na qual o destaque é a promoção de
manifestações artísticas e culturais - muitas delas tendo por base as raízes
tradicionais das populações envolvidas - este evento assume-se como mobilizador das
dinâmicas do território e da iniciativa local.
A Semana Cultural funciona como um espelho das tradições e dos
saberes da região, promovendo a interactividade entre os habitantes e os participantes
através de ateliers práticos onde se promove o ensino, a demonstração e a prática de
saberes e tradições. Por outro lado, procura atingir a constante inovação desses
mesmos saberes e tradições, abrindo-os a novas leituras e interpretações como uma das
condições primordiais para a sua sobrevivência.
A edição deste ano da Semana Cultural das Terras de Xisto irá contar com a
participação de, entre outros, Rui Júnior (Tocá Rufar; O ó que som tem?), José
Manuel David (Gaiteiros de Lisboa), Artur Fernandes (Danças Ocultas; DOrfeu),
Genoveva Faísca, Teatro de Marionetas de Lisboa, Weapons of Sound (UK), Circolando-
Cooperativa Cultural, muitos deles responsáveis pela criação de espectáculos
exclusivamente para esta Semana Cultural.
Outras iniciativas que marcam esta ideia são também os ateliers práticos (astronomia,
yoga, bombos, pífaros, danças do mundo, entre muitos outros) e outras actividades a
decorrer durante a IV Semana Cultural das Terras de Xisto.
Espectáculos e apresentações ao
vivo
O formato da Semana Cultural das Terras de Xisto, prevê que o ponto alto de toda a
estratégia de animação sejam os espectáculos ao vivo. No entanto, mais do que meros
espectáculos de entretenimento - sem ligação com as realidades do território ou sequer
sem coerência com as restantes actividades da Semana - as actuações ao vivo são a
face visível do evento, naquilo que ele tem de festa cultural de cariz
tradicional, mas também aberto à experimentação.
Assim, ao existirem espectáculos cuja base são as tradições e
os saberes da região, também se promove a demonstração dos trabalhos realizados em
alguns ateliers, e outras tantas manifestações artísticas de cariz experimental e
inovador para este território.
Dia 21 de Julho,
22h
Teatro de Rua Grupo Circolando
Escola EB 2/3 de Silvares
Identificando-se com as correntes
actuais do Novo Circo, um grupo de pessoas partilhando vontades e imaginários
convergentes, decide-se pela criação da Circolando- Cooperativa Cultural. Esta
propõe-se participar no movimento que procura a reinvenção do circo no cruzamento das
linguagens artísticas do circo, da dança, do teatro físico, da música, da
construção plástica escolhendo os espaços públicos com palco das suas
criações. A partir de caixa Insólita, espectáculo subsidiado pelo
IPAE/Ministério da Cultura, Circolando recria duas cenas os Pequenos
Insólitos cuja maleabilidade permite a adaptação às mais variadas
expectativas das entidades organizadoras. A festa será instalada na rua.
Dia 22 de Julho, 22h
Histórias Contadas - Teatro Marionetas de
Lisboa
Lg. do Lameirinho
Encenado pelo Teatro de Marionetas de
Lisboa, a peça Histórias Contadas é um espectáculo construído com base
nas fábulas tradicionais da Cigarra e a Formiga, Raposa e as Uvas, Lobo e o Cordeiro,
Raposa e Corco, Lobo e o Cão e Raposa e Cegonha, que La Fontaine escreveu. Espectáculo
de actores e marionetas de vara, com música ao vivo, é um projecto artístico
direccionado a todo o público que contribui de forma lúdica para o incentivo à leitura
e sensibilização à dramatização. Tomando como referência a floresta, meio ambiente
dos animais, cenário natural das fábulas, foram utilizados materiais naturais na
construção das marionetas.
Dia 23 de Julho, 21:30h
Encontro de Bombos
Casa do Bombo - Escola Primária de Lavacolhos
Este espectáculo resultado dos
ateliers de bombos e pífaros - funcionará em forma de arruada (bombos, caixas e
pífaros) pelas ruas da aldeia de Lavacolhos, terminando num espectáculo musical de
fusão na Escola do Primeiro Ciclo de Lavacolhos, que funcionará futuramente como a sede
do Projecto Casa do Bombo (assinatura de Protocolo neste dia). O espectáculo será
organizado por: Rui Júnior (Tocá Rufar; O ó que som tem?) e José Manuel David
(Gaiteiros de Lisboa), juntamente com Carlos Branco, Zeca Fontão, José Emílio (músicos
dos Pedra Dhera), Grupos de Bombos do Concelho e Grupo de Cantares da Escola
Secundária do Fundão.
Dia 24 de Julho, 22h
O olhar da Lua
Lg. de Sto. António
Este espectáculo, propositadamente em
noite de Lua cheia, terá duas vertentes: a de observatório de astronomia e a do
espectáculo ao vivo, este último resultado do atelier Novos Percursos para Bandas.
Antes, durante e após o espectáculo, todos os instrumentos utilizados durante o atelier
de astronomia estarão disponíveis para todos os espectadores, que poderão explorar dos
caminhos mágicos e lendários que estão traçados nos céus, sobretudo aqueles que
conduzem à Lua, com viagens pelos seus mares e crateras mais conhecidas. O espectáculo
ao vivo, Novos Percursos para Bandas, orientado por Greg Moore, realizado ao ar livre e
iluminado somente com a luz da Lua e archotes, assumirá uma vertente de fusão musical do
que foi apre(e)ndido durante o respectivo atelier.
Dia 25, 22h
A Linhar
Igreja de Silvares
Espectáculo construído a partir das
canções tradicionais do linho e dos ciclos do linho, a realizar no interior da Igreja de
Silvares, orientado por Artur Fernades (tocador de concertina e líder do grupo
Danças Ocultas) e Bitocas (percusionista e membro da associação
DOrfeu), com a participação de tecedeiras da Flor do Linho-Grupo de Tecedeiras de
Bogas do Meio, e Leonor Narciso acompanhada pelo Grupo de Cantadeiras do Paúl.
Dia 26, 22h
Genoveva Faísca
Escadaria de Sta. Luzia
Cantora portuguesa que multiplica a sua
participação por diversas experiências com o objectivo de fazer uma leitura
universalista da nossa música de raiz popular em fusão com linguagens improvisadas,
apresentando-se em diversos espectáculos temáticos. Participou em vários trabalhos
discográficos como solista, onde se destacam Cantigas de Amigo e Way
Out. Desenvolve uma actividade paralela no Teatro e na expressão dramática, onde
desenvolve diversas técnicas vocais.
Ateliers práticos
Os ateliers práticos são uma das imagens de marca da Semana Cultural das Terras de
Xisto. Espaços de formação e experimentação por excelência, estas oficinas funcionam
em regime de inscrição voluntária, permitindo aos participantes uma experiência
formativa lúdica e participativa. Os ateliers serão repartidos pela Escola C+S de
Silvares e pelo Grupo Desportivo e Cultural de Silvares.
O carácter dos ateliers é variável, quer ao nível dos temas
ministrados, quer relativamente ao fim para o qual são realizados. Se uns partem de
tradições locais (ex: bombos, pífaros), outros trazem manifestações artísticas e
culturais que, de outra forma, nunca estariam ao alcance das populações locais (ex:
yoga, danças do mundo). Do mesmo modo, existem ateliers que culminam em espectáculos ao
vivo.
Atelier de Percussão Portuguesa
Ministrado por
formadores credenciados da ADAT- Associação dos Amigos da Tocá Rufar, esta oficina tem
como objectivo estimular o interesse pelos instrumentos tradicionais de percussão
portuguesa, demonstrando a sua execução musical, a construção rítmica e respectiva
conjugação com outras estruturas musicais e instrumentos.
Atelier Novos Percursos para Bandas
(Greg Moore)
Ministrado por um profissional com larga
experiência musical e conhecedor das potencialidades e tradições musicais desta
região, fruto de inúmeras colaborações anteriores com músicos locais (muitas delas
promovidas pela Pinus Verde), esta oficina, tal como o nome indica, pretende apontar novos
caminhos aos músicos de bandas filarmónicas e outras. A oficina tentará pôr os
músicos em contacto com informações a atitudes musicais relevantes do final do século
XX, início de XXI: arranjos de música popular de vários países e exemplos de
tradições de outras culturas são explorados de modo a aumentar o conhecimento dos
participantes, nomeadamente no que toca a formas de ritmo, harmonia e melodia usadas em
direcções musicais modernas. Este atelier irá culminar no espectáculo ao vivo O
olhar da Lua durante a Semana Cultural das Terras de Xisto.
Atelier Bombos/Atelier Pífaros
Seguindo uma lógica de aproveitamento dos recursos endógenos da região com maior
potencial filosofia que desde o primeiro momento norteou a actividade da Pinus
Verde , estes dois ateliers assumem uma relevância especial. O toque do bombo e do
pífaro em conjunto é uma das tradições musicais de maior relevo na região da Beira
Baixa, assumindo, como se sabe, um especial destaque e expressão no concelho do Fundão.
É provavelmente um dos elementos de maior identificação das gentes do Pinhal, servindo
a um mesmo tempo como factor aglutinador das pessoas e motivo de indisfarçável orgulho.
Este atelier irá juntar diversos grupos de bombos da região, unindo-os num espectáculo
comum - além de incentivar a criação musical, estes ateliers terão um complemento
formativo de construção artesanal de pífaros em madeira, que serão posteriormente
doados à referida Casa do Bombo. O atelier de bombos será ministrado por Rui Júnior, e
o de Pífaros por José Manuel David. Estes ateliers culminarão num espectáculo ao vivo
nas ruas de Lavacolhos, o Encontro de Bombos.
Atelier Animação de Rua
Sendo a Semana Cultural uma festa de rua, é intenção da organização
recuperar a tradição das antigas feiras populares animadas pelas figuras dos jograis.
Assim, esta oficina, a cargo de membros de uma associação juvenil do Fundão,
pretenderá esquematizar intervenções de rua específicas para cada um dos espectáculos
da Semana Cultural. Ou seja, serão pensadas formas de animação que interajam com o
espectáculo principal de cada um dos dias, servindo para chamar e fixar os espectadores
no local do evento e despertando a curiosidade para o mesmo. Mais do que integrar de forma
aleatória este tipo de intervenção durante a Semana, pretende-se estimular nos
participantes deste atelier a disciplina aliada à criatividade, dois atributos essenciais
para cumprir o objectivo que se pretende. Por outro lado, está assegurada a
interdisciplinaridade, servindo a animação de rua como ligação entre as diversas
manifestações artísticas, os artistas que as executam e o público.
Atelier A Linhar
A Linhar é a designação atribuía a um dos espectáculos maiores desta
Semana Cultural, que será criado de raiz e exclusivamente para este evento.
Genericamente, o A Linhar é um espectáculo musical baseado no som da
percussão dos teares e outros artefactos ligados à tecelagem, integrando ainda canto (a
partir de músicas e letras tradicionais do linho) e outros instrumentos musicais, como o
adufe e o acordeão. Esta oficina, pela sua própria natureza, será a excepção ao
carácter aberto e participativo das restantes. É destinada unicamente aos músicos,
tecedeiras da Flor do Linho (Bogas do Meio) e cantoras e músicas da vila do Paúl. As
tecedeiras, artesãs, participarão com os seus teares, cujo som característico de
laboração será a estrutura musical desta oficina e do respectivo espectáculo ao vivo.
Atelier Danças do Mundo
Ministrado por Sandra Matos, este atelier ensinará técnicas de expressão corporal
baseadas em danças tradicionais de outros pontos do Mundo. Mantém-se assim a lógica de
abertura a expressões culturais diversas, fomentando a interactividade e o conhecimento
através da experimentação, bem como promovendo a fusão de estilos através da
criatividade. Este atelier culminará numa performance demonstrativa ao vivo, durante o
dia Ó da Barca!, em Janeiro de Cima.