Lisboa
A Cultura popular (ainda) existe?
Música, debates e recolhas na Abril em Maio
Lisboa, Sede da Abril em Maio, de 22 a
25 de Agosto de 2002
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Concertos de Música popular, seminários,
debates, uma exposição de fotografias e a exibição de filmes são os argumentos que
colocam todas as atenções na Abril em Maio, em forma de pergunta: "A cultura
popular ainda existe?". As respostas estão lá, de 22 a 25 de Agosto.
A Associação Abril em Maio vai realizar, na sua sede em Lisboa -
entre 22 e 25 de Agosto - um encontro com elementos do Circolo Gianni Bosio (de Roma) e da
Lega di Cultura di Piadena subordinado ao tema A cultura popular ainda existe?
A motivação para este encontro parte do vasto trabalho de recolha
e divulgação da tradição popular realizado por estas duas organizações italianas -
um debate dedicado a todos aqueles que trabalham no domínio da tradição e
do popular: músicos, estudiosos de literatura, etnólogos, antropólogos
quer para o público em geral.
1º Dia
Quinta-Feira, dia 22 de Agosto
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O programa arranca a 22 de Agosto, a
partir das 18h, com a abertura da exposição de Fotografias de Giuseppe Morandi, cobrindo
histórias quotidianas desde os camponeses dos anos 60 até aos imigrantes dos anos 90 -
uma antologia fotográfica feita a partir da das exposições Quem trabalha a terra
na baixa padana e La mia Africa. Na sessão de apresentação, haverá
lugar para uma conversa com Gianfranco Azzali (presidente da Lega di Cultura di Piadena,
fundada também por Giuseppe Morandi) e Sandro Portelli (professor na Universidade de Roma
e presidente do Circolo Gianni Bosio).
A exposição é
constituída por 80 fotografias em pequeno formato (memória da exposição Quem
trabalha a terra na baixa padana centrada nos camponeses de Piadena e naqueles que
deixaram de o ser) e 16 fotografias 70m X 100cm da sua mais recente exposição La
mia Africa (sobre os actuais imigrantes em Piadena).
Giuseppe Morandi nasceu
em Piadena em 1937 e viveu sempre nesta pequena aldeia (3 000 habitantes) da grande
planície do Pó. Aos vinte anos, em 1957, faz a sua primeira curta metragem Morire
destate (Morrer de verão) sobre um rapaz afogado no rio.
Seguem-se outros documentários, entre os quais: Cavalo Ciao (Adeus
Cavalo) de 1967 (sobre como se mata um cavalo) e El Calderon de 1989
(sobre uma grande casa rural abandonada).
Mas a fama agora
internacional Morandi deve-a à sua pesquisa fotográfica, publicada nos seguintes
volumes: I Paisan (1979); Volti della Bassa Padana (1984);
Cremonesi a Cremona (1987); Quelli di Mantova (1991);
Gesichter der Poebene (Berlim, 1993); Ventunesima estate(1995),
La Mia Africa (2001).
Inúmeras as
exposições em Itália e no estrangeiro. Em Portugal, em 1996, foram promovidas duas pela
Associação Cultural Abril em Maio: Quem trabalha a terra na baixa padana
(1948-1985) na Galeria da Mitra, em Lisboa (e em circulação por todo o país em 1997) e
Ventunesima Estate na ZDB em Lisboa (e em circulação por todo o país em
1997).
Depois da inauguração
e do colóquio, a sessão prossegue com a música popular portuguesa, com "Vozes do
Cramol".
Já pela noite, às
22h, a programação dá então lugar aos filmes de Giuseppe Morandi - feitos a partir
excertos da recolha I Paisan (filmes dos anos 50, 60 e 90), neste caso
comentados por Jorge Silva Melo e José Manuel Costa.
A obra filmíca de
Giuseppe Morandi foi projectada em 1999 no festival de Locarno e encontra-se reunida numa
cassete vídeo editada pela Cineteca Bologna. Marco Muller, ex-director do Festival de
Locarno, escreve sobre o cineasta Giuseppe Morandi: conta a história de gente e de
peças do mundo que conhece bem, privilegia o pequeno sem pretender
agigantá-lo, não se demora em soluções formais e paisagísticas, mas foca directamente
as pessoas e os seus animais[...]
Do conjunto da obra
fílmica de Giuseppe Morandi, serão projectados em Lisboa os seguintes filmes: El
Pasturin (1956), Jon, du, tri, quater sac (1967), Tonco, la festa del tacchino (1967), El
Calderon (1991).
2º Dia
Sexta-Feira, dia 23 de Agosto
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No dia seguinte (dia 23 de Agosto), o
programa arranca também às 18 horas, com o tema "O que é Circolo Gianni
Bosio" com Alessandro Portelli, Diego Lucifreddi, Susanna Cerboni - para falar da
organização fundada em 1969 - a primeira a começar a fazer a recolha da cultura popular
(música, história oral) do Lácio, não tendo até hoje interrompido esse trabalho. Tem
sede em Roma e é presidida por Alessandro Portelli, professor na Universidade de Roma. A
Circolo Gianni Bosio construiu um arquivo de registos de cultura popular dos mais
importantes se não o mais importante - de Itália. Tem participado em congressos
nacionais e internacionais, cursos de formação para agentes culturais, seminários; tem
organizado grupos musicais, produzido espectáculos e editado discos. Fundou uma escola de
música especializada em música popular. De resto, Giovanna Marini e Sara Modigliani
colaboram com esta associação e actuam frequentemente nas suas realizações. Esta
sessão encerra com a apresentação do CD Ventanni e piu, que regista
música popular italiana dos anos 70 e seguintes.
Mais á noite, como no
dia anterior, arranca às 22 horas um concerto de Música popular Italiana "I Giorni
Cantati di Calvatone e Piadena" - um grupo de música tradicional constituído por 4
cantores de Calvatone e de Piadena (planície do Pó) de origem camponesa com discos
editados pela Lega di Cultura di Piadena e o Istituto Ernesto de Martino (de Florença)
constituídos por recolhas de canções tradicionais. Alguns dos elementos trabalharam com
Gianni Bosio.
3º Dia
Sábado, dia 24 de Agosto
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No sábado, dia 24 de Agosto, O
programa arranca mais cedo, pelas 15h, com um seminário aberto ao público, sobre a
recolha e arquivo da tradição popular. Em discussão vai estar o tema O que
"Popular" quer dizer - com a participação de elementos do Circolo Gianni
Bosio, da Lega di Cultura di Piadena, etnólogos, músicos e estudiosos de literatura
popular: Paulo Lima (Oficina do Património de Portel/Poesia Oral no Sul e Resistência),
João Paulo Reboucho e Ana Carrapato (Estagiários do Museu Nacional de Etnologia/Arquivos
Sonoros), Pedro Jardim (Sons e sonoridades do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e
Costa Vicentina), Pedro Félix (Instituto de Etrnomusicologia), Filipe Reis (ISCTE/Rádios
locais e a reinvenção cultural), Rui Cidra e Teresa Fradique* (O Rap e os limites do
popular), Mário Correia (Sons da terra, recolha, arquivo, edição de música popular
transmontana), José Neves (ISCTE/Popular, populismo, política), Paulo Raposo
(ISCTE/Moderador).
Também à noite, pelas
22h, lugar a um concerto de Música Popular Italiana com Giovana Marini e Sara Modigliani.
Giovanna Marini é uma Cantora italiana, nascida em Roma numa família de músicos,
estudou guitarra clássica. Nos anos 60, integrou um grupo de intelectuais de que faziam
parte Italo Calvino, Pasolini, Gianni Bosio, entre outros, e começou a interessar-se pelo
canto social e pela história oral cantada. Participou nas inciativas do Novo
Cancioneiro Italiano e trabalhou com Dario Fo. Compôs para o cinema e ensina
actualmente etnomusicologia. É também autora de inúmeras obras e arranjos musicais. Em
1999 fez dois concerto em Lisboa, no CCB onde regressou em 2000 depois de ter actuado no
Teatro Viriato (Viseu).
Sara Modigliani é
também uma cantora de música popular italiana, que começou a cantar nos anos 70, com a
fundação do Canzoniere del Lazio, e logo a seguir com Giovanna Marini e o
grupo La Piazza. Publicou dois discos marcantes: "Milandè" e
"Amore piccolino fatte grande
" O seu último trabalho chama-se
"Barcarolo Romano".
4º Dia
Domingo, dia 25 de Agosto
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O Último dia deste evento, o dia 25 de
Agosto, acaba com um Almoço-Festa a partir das 13h - neste caso preenchido com música
popular portuguesa e italiana: no cardápio teremos vozes, tocadores, gaiteiros,
contadores de histórias, dezedores de décimas, rapers; conversa entre todos
os participantes - especialistas, artistas, curiosos, amadores, amantes - a
(des)propósito de onde mora o popular... nas artes de hoje.