Imagem da peça: "A vida alegre do brioso João
soldado"
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Visite também
Site do GEFAC (Grupo de Etnografia
e Folclore da Academia de Coimbra): http://www.uc.pt/gefac/
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Coimbra
Teatro Mirandês
Música e quotidiano em palco
Teatro Quintela, Dias 5 e 6 de
Março de 2002
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O teatro popular mirandês
tradicionalmente conta histórias do quotidiano e normalmente cruza no palco actores com a
música de uma tocata: Gaita, caixa e Bombo. No início de Março, o GEFAC leva a cena, em
Coimbra, uma peça recolhida nos anos 70.
Nos próximos dias 5 e 6 de Março o GEFAC vai estrear uma peça de teatro popular
mirandês que foi recolhida pelo grupo nos anos setenta. A peça chama-se 'O Entremês de
Jacobino ou a Casa de Caloteiros e Ladrões' e vai estar em cena no teatro Paulo Quintela
em Coimbra às 21:30.
Como todas as peças de teatro popular mirandês, esta tem uma tocata em palco composta
por gaita bombo e caixa que tocam em vários momentos da peça. É uma boa oportunidade de
assistir a um tipo de representação que embora não pretenda reproduzir exactamente o
que se faz (ou fazia) em terras de Miranda, mantém-se fiel ao texto e ao espírito com
que estas eram apresentadas.
O teatro popular mirandês é uma manifestação etnográfica que se representa na região
de Miranda do Douro e do outro lado da fronteira, em Espanha. As representações,
chamadas usualmente "colóquios", têm a ver, muitas vezes, com a vivências das
pessoas, com usos e costumes de cada localidade.
A representação deste tipo de teatro era, pelo menos pela altura da nossa recolha,
extremamente simples e ingénua dependendo por completo da maior ou menor graça, jeito ou
engenho dos seus intervenientes. O texto assume um papel preponderante dado que os actores
em muitos casos quase que se limitavam a "recitar" ou debitar a sua parte,
parados em cena, sendo a movimentação mínima (excepção feita ao elemento libertino
representado pelo Crespim). Os espectáculos decorriam em ambiente vicinal com um público
"familiar" na própria aldeia ou nas aldeias vizinhas. O ponto que sussurrava o
texto aos ouvidos de algum actor que tivesse uma branca (esquecimento do texto), era
perfeitamente assumido pelo "ensaiador" que dirigia a cena, junto à boca de
cena, não se inibindo de corrigir em voz alta algum actor mais esquecido ou até mandar
repetir alguma cena.
O teatro popular mirandês em geral move-se num universo onde as fronteiras entre
fantástico e o real se desvanecem e onde não se pode falar de unidade de lugar e tempo.
Anos e anos sucedem-se em poucos segundos, se necessário. Dois lugares longínquos
convencionam-se a alguns passos. O simbolismo assume, desta forma, a primazia num convite
à imaginação.
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