Lisboa e Tondela
Camané: Fados para uma nova alma
Lisboa, Dia 10 de Março (22H) - Livraria Ler Devagar
Tondela, Dia 11 de Março (21H30) - Novo Ciclo ACERTJá
não é novidade que a carreira de Camané se pode escrever como o surgimento de um novo
grande valor do Fado, cujo reconhecimento é unânime, quer em território nacional, quer
além fronteiras - onde o fadista e o seu fado têm tido os mais rasgados elogios do
público e da crítica.
Com o disco "Estas coisas da Alma", Camané traz-nos a melancolia e a
reflexão temporal que se espera do fado no seu melhor, um trabalho que tem a ver com os
amores perdidos e com as ruas de Lisboa. Ao terceiro álbum, Camané continua a
surpreender - pela vontade, pela constância, sobretudo pelo bom gosto.
Pode apontar-se-lhe a influência preciosa da mão de José Mário Branco na
construção deste som, que, ao já conhecido trio constituído por Camané, Carlos Manuel
Proença (viola) e José Manuel Neto (guitarra portuguesa), veio acrescentar os inéditos
e harmónicos sons do contrabaixo, num disco interpretados de forma notável por Carlos
Bica.
Pode nomear-se a cuidada selecção de textos, em que clássicos anteriormente
não-musicados - de Antero de Quental, Fernando Pessoa, Edmundo de Bettencourt e Júlio
Dinis - convivem alegremente com textos inéditos de Aldina Duarte (também eles
notáveis), Manuela de Freitas, Amélia Muge e João Monge.
Mas tudo isto só ganha sentido, e um outro sentido, quando se lhe acrescenta um
suplemento de alma, essa coisa que cabe ao intérprete e que aqui se aprende a cada passo.
É que o lugar do intérprete é também o lugar do dizer, o das coisas da língua. Em
caso de dúvida, vejam-se os textos originais e as variações por ele introduzidas no
canto. Logo que possível, verifique-se o assunto ao vivo.