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feito em colaboração com o Vida.pt, parceiro de At-Tambur.com - Músicas do Mundo |
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Para mais detalhes consulte o programa completo no Vida.pt |
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De regresso
a Portugal
Quarteto Jobim Morelenbaum ao Vivo
Dia 18 de Outubro - Barreiro | Dia 19 de
Outubro - Porto | Dia 22 de Outubro - CoimbraMúsicos
do mais alto nível de qualidade, não só no meio brasileiro como no meio internacional,
que tocam a obra universal de Antonio Carlos Jobim.
A vinda ao nosso país do Quarteto Jobim Morelenbaum obteve no passado mês de Fevereiro
um êxito que ultrapassou todas as expectativas, quer na afluência do público aos
concertos, quer nas consequentes vendas discográficas. No próximo mês de Outubro, o
grupo vem ao nosso país para concertos em cidades que não foram contempladas com a sua
visita, para já estão agendados concertos no Barreiro (dia 18), no Porto (dia 19) e em
Coimbra (dia 22).
Seguindo a 'herança' deixada por Tom Jobim, o grupo é formado pelo seu filho
Paulo Jobim, por Daniel Jobim, seu neto e por Jacques e Paula Morelenbaum.
Quer Paulo Jobim (guitarra), quer Jacques Morelenbaum (violoncelo) fizeram parte
da Banda Nova, a banda de António Carlos Jobim, desde a sua formação inicial até 1994.
Foram ambos para além de músicos, produtores musicais dos trabalhos de Tom Jobim bem
como de outros grandes artistas brasileiros. São músicos do mais alto nível de
qualidade, não só no meio brasileiro como no meio internacional, tendo acompanhado
Milton Nascimento, Chico Buarque, Sarah Vaughan, Caetano Veloso, Edberto Gismonti, Gal
Costa, etc..
Paula Morelenbaum integrou também a Banda Nova como vocalista e solista tendo
obviamente participado em várias gravações dos discos como Tom Jobim.
No ano de 1995, com a entrada de Daniel Jobim forma-se o Quarteto Jobim
Morelenbaum cuja estreia se realizou no Avery Fisher Hall, em Nova Iorque no espectáculo
intitulado 'A Tribute to Antonio Carlos Jobim'. O concerto contou com a participação de
João Gilberto, Sting, H. Hancock e Caetano Veloso, mas foi o Quarteto quem mereceu a
melhor crítica do New York Times: «Some of the evening's loveliest music featured the
Jobim-Morelenbaum Quartet» .
Os concertos do Quarteto, que têm formação camerística de piano, violão, violoncelo e
voz, apresentam sempre um percussionista convidado e têm como principal meta a obra
universal de Antonio Carlos Jobim.
Em 1998, o Quarteto realizou a sua segunda tournée europeia tendo passado por 8
Países no total de 21 concertos. Em Lisboa apresentou-se na Expo 98, no Palco Promenade,
num concerto que obteve um estrondoso sucesso e novamente em Fevereiro passado no Centro
Cultural de Belém com o êxito que é do conhecimento geral.
O Quarteto participou, em 1998, como artista convidado no espectáculo de
inauguração do Teatro Alfa Real, em São Paulo, onde participaram outros artistas como
João Gilberto, Gal Costa e Nana Caymmi. Para mais detalhes
consulte o programa completo no Vida.pt |
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Correio da Manhã
Quarteto Jobim Morelenbaum no Porto
Texto de Daniel Guerra
Ele é carioca, mas durante o tempo de um jogo de futebol, Tom Jobim foi portuense.
Perante a rendida plateia do Coliseu, o Quarteto Jobim Morelenbaum fez uma estreia
auspiciosa na Invicta, com um recital em que a "felicidade não teve fim". Se
era preciso uma prova documental da aceitação e prestígio de que a bossa nova goza na
cidade, o concerto meigo, sensível e intimista dos herdeiros de Jobim funcionou como um
atestado de popularidade. E não foi somente a geração de 60 que
forçou o ensemble a dois plenos encores. Entre os mais entusiasmados assistentes desta
"première" era possível vislumbrar a presença participante de muitos jovens e
até de inúmeros "teen-agers". E quando Paula Morelenbaum soletrou
"I-pa-ne-ma" com uma pose muito zen, depois de se aproximar do célebre registo
de Astrud Gilberto, o auditório quase compeliu o quarteto a um novo bis.. "Quero a
vida sempre assim/com você perto de mim". Apetece cantar com Jobim, mesmo num tom
desafinado ou num samba de uma nota só. No auditório, os mais velhos até ousavam
acompanhar Paulo Jobim e Paula na recitação das líricas que a "crooner" Geny
Martins declinou cantar quando Newton Mendonça - parceiro do maestro - lhe propôs
"Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só".
Hoje, Geny é uma ignorada Rainha dos Cantores do ano de 1956 e João Gilberto
será sempre uma das lendas do bossa-novismo. Antes de iniciar a interpretação do
"baião" de João, Paulo enunciou que a música é uma coisa muito simples. Mas,
na bossa de Tom, simplicidade nunca se confunde com linearidade. Recuperando a tradição
dos choros e dos sambas-canção, requisitando a benévola influência do cool-jazz,
Jobim, Carlinhos Lyra e outros compositores puseram o Brasil no mapa da música
planetária. Foi essa antologia que este quarteto revisitou com a autoridade e o à
vontade de quem "toca do que sabe". "Ela é Carioca", "A
Felicidade", "Eu e o Meu Amor", "Águas de Março",
"Correnteza", "Corcovado", "Insensatez", "Chega de
Saudade" foram evocadas, segundo partituras que Jobim certamente rubricaria com a
paleta das suas amenas e tropicais cores harmónicas.
Porém, talvez a maior virtude desta performance - que evidenciou afinidades com
o "low-profile" despojado dos Madre Deus- tenha sido a opção de não se
vincular somente ao repertório de Tom. Aliás, dois dos pontos altos do concerto foram o
solo de Jaques Morelembau, adaptando para o seu cello o austero "Retrato a Preto e
Branco", de Chico Buarque e o tributo de Paulo Jobim à poesia portuguesa. Neste tema
experimentalista, tocado num espírito de jam-session com a bateria de Duduka Fonseca,
Paulo colocou as sonoridades do seu violão brasileiro nas extensões amplas dos vales e
montanhas imaginados pelo talento de Fernando Pessoa. Outro momento de apogeu do recital
aconteceu durante a interpretação de "Lamento no Morro". Este samba da peça
"Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, motivou talvez a mais primorosa
execução da noite, com o violoncelo de Jaques soando com aquele característico lamento
choroso das cuicas. Parafraseando de novo Tom e Vinicius, no final muita gente terá
exclamado um "só tinha que ser com você" a felicidade deste reencontro
nostálgico com a música que o Rio de Janeiro inspirou com aquele "açúcar e
afecto".
Daniel Guerra
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