II Fiesta da Gaita de
Fuôlhes
A ressurreição das Gaitas
Aldeia de Pruoba (Póvoa), em Miranda de l DouroNo
dia 30 de Setembro, realizou-se a "II Fiêsta de la Gaita de Fuôlhes", que
voltou a encher a pequena povoação da Póvoa - Miranda do Douro, com o som
característico das gaitas de foles que noutras alturas fizeram parte do dia a dia das
populações.
Esta iniciativa da Sons da Terra é, pela segunda vez, um evento que espelha o
grande entusiasmo pelo ressurgimento de uma tradição que «os velhos gaiteiros
mirandeses fizeram chegar aos nossos dias - todo um reportório que urge recolher,
preservar e divulgar», tal como referiu Mário Correia ao Jornal Expresso.
A Gaita de foles ressurge hoje, pela mão de novos e velhos tocadores, decididos
a reavivar o gosto por este instrumento. Este é o caso do Ângelo Arribas ou de
Tony das Gaitas - donos de muitas memórias - e de jovens grupos como os Galandum
Galundaina, Gaitafolia ou Lelía Doura.
A verdade é que «Um gaiteiro leva 21 anos a fazer-se, como dizem os
irlandeses. Mas num ano pôe-se a tocar», assim falava o Gaiteiro e Artesão Ângelo
Arribas - nascido em 15 de Maio de 1936, em Freixenosa, vivendo hoje em Bila Chana de
Braceosa.
Arribas é provavelmente o mais «puro» dos gaiteiros mirandeses. Tornou-se
profissional apenas aos 50 anos, lembrando que quando começou «estava tudo a cair ao
poço», que é como quem diz, a tradição estava a perder-se. Além de tocador, arribas
é também um construtor. «A minha primeira gaita fi-la da pele de um rato e com palhas
de centeio. De um lado tocava, de outro mexia os dedos». A sua gaita mirandesa é feita
com um fole de pele de carneiro e custa 100 contos e é anilhada com chifres de boi.
Segundo Francisco Prada - o coordenador do Departamento de Música do Instituto
Politécnico de Bragança - «Há, na realidade, um regresso da gaita. Tornou-se uma
espécie de moda, já que em toda a Europa há uma apetência pela cultura étnica». Ele
próprio publicou uma trabalho de investigação sobre gaitas de foles que lhe consumiu
840 páginas.
E assim se fez a festa, onde compareceram velhos e novos, desfilando vários grupos, entre
os quais o de Constantin, mesmo junto a Espanha, o de Urrós, a Lelia Doura - Gaitas de
Gallaecia (do Porto) e o grupo castelhano-leonês de Paco Diez e la Bazanca, um conjunto
que alia a gaita de foles tradicional à sanfona, às guitarras e à percussão.
Afinal a gaita de foles e os grupos de pauliteiros, que também têm ressurgido em força,
são verdadeiros embaixadores culturais nordestinos - razão pela qual prepara-se em
Miranda do Douro a criação de uma escola específica para Gaita de Foles e acompanhantes
(caixa e bombo). Artigo realizado com base no
texto de Jorge Massada, do Jornal Expresso