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Mandrágora
Os elementos
integrantes dos Mandrágora não tiveram dúvidas quanto às coordenadas fundamentais
caracterizadoras do respectivo projecto (em construção), lançado a partir de Julho de
1999: mais do que inspirarem-se na música tradicional, eles pretendem transfonnáIa em
algo de novo, combinando influências que vão desde a Escandinávia ao Mediterrâneo e
que passam, naturalmente, pela folk ibérica de raíz "céltica".
E, neste sentido, lançam-se com todo o entusiasmo na procura de novas formas de conciliar
músicas de diferentes proveniências com a música e o espírito actual, de molde a
produzir umafolkforte. E enérgica, logo mais acrescentam, assumindo influências de
grupos da sua particular predilecção: Hedningarna, Varttina, Xosé Manuel Budiilo, La
Musgafia e Na Lua, entre outros.
Tudo começou quando, em meados de 1999, Ricardo Lopes e Filipa Santos que então se
entregavam a um projecto musical intitulado Gwenffyr, decidiram convidar Pedro Viana para
uma nova formação, integralmente acústica na origem, designada Mandrágora (que viria a
ser posteriormente reforçada com a entrada de Luís Martinho, baixo eléctrico). Uma nova
formação que desde logo se mobilizou para a elaboração de uma "maqueta" para
concorrer aos "Prêmios Maquetá", uma iniciativa da Deixe de Ser Duro de Ouvido
que integrava, pela primeira vez, a categoria da "Música Tradicional".
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Comvinha Tradicional
A partir de um
trabalho de pesquisa de velhos cancioneiros e de gravações apagadas na memória musical
permite basear o trabalho dos Comvinha Tradicional. Os temas interpretados em espectáculo
são as vozes perdidas no interior de Portugal que procuram alcançar vida.
A música portuguesa encerra dentro de si certos cânticos em polifonia, domínio onde é
mais rica. Sendo eles cantares do povo, são canções que nascem da necessidade que o
homem simples tem em fazer música, em ter música consigo, nas mais variadas situações.
É claro que esta situação fica muito aquém da situação real, mas importa referir que
o homem de hoje ainda conserva uma necessidade musical e também um legado etno-musical e
cultural.
De tudo isto os Comvinha Tradicional retiram o sumo para aproximá-lo aos dias em que
vivemos, às nossas vidas e às novas maneiras de fazer música. É por isso que retomam
os velhos temas numa forma intimista, fazendo-os atravessar a própria consciência
urbana.
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Picä Tumilho
Recolher influências, manipular gostos, entrecruzar sensibilidades e fertilizar o
projecto de acção-intervenção com humor e teatralidade: eis a proposta deste grupo de
jovens sendineses, Els Picã Tumilho, que se assumem, com gozo e ironia, como uma
"agrícula rock band" que pratica um "hard rock etnográfico".
A irreverência aliada a um enonne prazer em fazer da música um veículo de
comunicação, cantando na língua natal - o Mirandês - que já faziam mesmo antes de ser
declarada língua oficial. E fazem-no para abordar facelas, peripécias, diálogos e
histórias imaginadas (com um fundo real) da repão, fazendo do palco também um espaço
de teatralidade, de representação crítica e denunciadora.
Ao vivo tentam criar cenas da vida do quotidiano de um povo primário, utilizando
vestuários e instrumentos puramente etnográficos, construindo assim o cenário para uma
peça teatral que relata as letras das músicas.
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SangriSulta
SangriSulta é uma expressão da língua mirandesa, mais propriamente de Sendim. É
muito antiga e quase perdida, só mesmo os mais idosos a reconhecendo. O seu significado
pode ser hoje em dia mal interpretado e controverso Trata-se de um acto de piedade para
com um animal doente, sangrando para uma morte rápida e menos dolorosa.
Bom, mas SangriSulta é só um nome, um nome para uma banda que quer partir para o futuro
agarrada ao presente. Os SangriSulta são do interior de um país que muitas vezes o
parece querer esquecer. Mas é justamente desse interior que, muitas vezes, advem a
virtude. Assim, são de Trás-os-Montes, mas de um Trás-os-Montes virado para um passado
mas com futuro. E os SangriSulta pouco mais querem ser do que uma forma de se olhar ou
ouvir o outro lado de uma região que pertence a um país, que é de um mundo que ainda
não aprendeu a aprender com o passado.
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Grupo de Cantares de Sendim
A influência de Espanha, que vinhajá de longa data, torna-se
agora maisforte no campo social, económico e principalmente cultural. A influência
cultural aparece no campo da linguagem, da religião e da música.
Há canções em Sendim com letra e música espanhola que vieram de tempos remotos
trazidas de Espanha, mas há outras que vieram com certeza nos tempos da avalancha
judaica. Uma coisa é certa: desde 1500 em diante criou-se em Sendim um repertório de
canções do mais belo que a musa podia inspirar, quer no campo religioso quer no campo
profano.
O canto de advento "José e Maria Correm a Belém" é um belíssimo cântico
sagrado do mais genuíno, litúrgico e sentimental que se encontra no Nordeste
Transmontano e até no País. O canto da "Encomendaçâo das Almas " ou "As
Almas ", que se canta ainda no tempo da Quaresm . a e cuja música é única, é de
uma agressividade, de uma interpelação ao sentimento e à consciência cristã com o
sentido de além túmulo que dificilmente se encontra em outros cantos da mesma
característica popular.
Temos de ver ainda que Sendim está situado num ponto geográfico de grande importância e
que levou a sofrer influências de muitas e variadas gentes.
As canções populares de carácter profano mostram bem esta
influência que teria vindo até de outras partes do País, quer do Norte quer de outras
regiões. Foram os almocreves, artesãos, ped-eiros, tecedores, ferreiros, curtidores,
serradores, sapateiros, sombreireiros, peregrinos, viajantes e missionários, os quais,
como consta de muitos documentos, fizeram estadia, vida e influência na nossa Terra de
Miranda.
Não duvidamos que em Sendim tivessem existido em tempos remotos compositores de valor,
mas que deixaram as suas obras no anonimato. Esta recolha de canções que agora saí a
lume é uma pequena amostra do largo repertório que existe em Sendim desde tempos
imemoriais e que são peças cheias de vida, sentimento e simbolismo e se cantavam e
cantam ainda hoje. Como diz a nossa gente de Sendim, são "COUSA DE TODA LA
BEIDA".