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La Lhéngua Mirandesa
La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua
meligrana, guapa i capechana, nun yê de onte, detrasdonte ou trasdontonte mas cunta cun
uito séclos de eijistência.
Sien se subreponer a la "lhéngua fidalga i grabe" l Pertués, yê tan nobre
cumo eilha ou outra qualquiêra. Hoije recebiu bida nuôba.
Saliu de l absedo i de l cenceinho an que bibiu tantos anhos. Deixou de s'acrucar,
znudou-se de la bargonha, ampimponou-se para, assi, poder bolar, strebolar i çcampar l
probenir.
Agarrou l ranhadeiro para abibar l lhume de l'alma i l sangre dun cuôrpo bien sano.
Chena de proua, abriu la puôrta de la sue priêça de casa, puso fincones ne l sou ser,
saliu pa las ourriêtas i preinadas..
Lhibre, cumo l reoxenhor i la chelubrina, yá puôde cantar, yá se puôde afirmar. A la
par de l Pertués, a partir de hoije, yê lhuç de Miranda, lhuç de Pertual.
Texto de
Apresentação do Projecto Lei de reconhecimento dos direitos linguísticos da Comunidade
Mirandesa.
Assembleia da República
Lisboa, 17 de Setembro de 1998 |
Mirandês
A outra Língua PortuguesaInformação retirada do Site
realizado pela Escola EB2 de Miranda do Douro
A partir da ideia do "Concurso de Homepages de Escolas", alunos e
professores da disciplina de Mirandês da Escola EB2 de Miranda do Douro, criaram um Site
com o objectivo de motivar os alunos para a investigação e escrita sobre a região de
Miranda; promover o conhecimento da riqueza linguística, étnico-cultural do Planalto
Mirandês e incutir o gosto pela defesa dos valores patrimoniais.
Este site apresenta vários conteúdos, dos quais se destacam a origem e
evolução do Mirandês, o Espaço geográfico da Língua Mirandesa e o Património
cultural: tratando da etnografia, fazendo recolha de poemas, lhaços, provérbios,
adivinhas canções, etc..
O Mirandês, uma língua ainda bem viva
Tendo ao longo dos tempos, o Mirandês, tradição oral, passando de pais para
filhos, só em finais do século XIX, com José Leite de Vasconcelos, famoso filólogo,
arqueólogo e etnógrafo, começou a ser escrita e investigada. Bernardo Fernandes
Monteiro da Póvoa; António Maria Mourinho de Sendim e Manuel Preto de São Martinho,
entre outros, seguiram-lhe os passos.
Falada ou escrita, esta língua, reflecte a maneira de conceber o mundo, de ver, de
pensar, estar, sentir e de ser dos mirandeses, ou seja, a sua cultura, de per si muito
rica.
Não se pode conceber uma língua, sem uma cultura envolvente, enraizada e capaz de, em
intercâmbio, produzir elementos semânticos próprios. A cultura mirandesa tem, de facto,
uma componente etnográfica que a língua por sua vez, expressa.
Assim sendo, dá sentido aos laços da dança dos Pauliteiros, que vem da dança
Indo-Europeia de Espadas; às danças paralelas e de roda; às cantigas da segada e demais
rimances; às cantigas dos ciclos da lã, do linho e das mondas; às cantigas de ronda;
às cantigas religiosas (Natal, Reis, Páscoa); aos jogos de roda, etc.
Do mesmo modo, algumas peças teatrais, conhecidas por "colóquios" que se fazem
ao ar livre, em dias de festa, ensaiadas sobre grandes palcos (tratam temas de
inspiração religiosa ou profana), são escritas e representadas em mirandês por gente
do povo. Em todas elas aparece a figura do tonto, antigo bobo, com a missão de fazer
troça com trovas, como se pode ver pelos versos:
Pobo que stais a oubir
Que muito bos anganhais
Bós dezis que you sou tonto
Mas bós inda sodes mais.
Agora de barriga chena
Yê que you me bou a stender
I bós stais todos de boca abiêrta
Cun bien ganas de comer.
Em mirandês se contam histórias, se cantam e dançam as cantigas à volta da
fogueira das festas pré-cristãs, do solstício de Inverno, do "carocho" e da
"velha" de Constantim e da Velha de Vila Chã e de S. Pedro da Silva; se
conversa e canta nos fiandeiros, reuniões familiares e de vizinhos, nas tardes e noites
de Outono; se contam histórias, se discute acerca dos trabalhos agrícolas, se reza, se
joga, nos serões de Inverno, à lareira, na cozinha, verdadeira sala de cultura do
nascimento até à morte.
Em mirandês se informam os costumes comunitários, que vêm de tempos pré-romanos:
partilha de lagares, eiras e vales, concelhos, arranjos de caminhos, festas e jantares
rituais, trabalhos da lavoura (e seus instrumentos), etc.
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