Montemor-o-Novo
Os Chocalhos
Danças populares para o fim de ano
Montemor-o-Novo, Parque
de Exposições, dia 31 de Dezembro de 2002
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. . . . . . . . . .Mesmo sem festa
de fim de ano promovida pela Pedexumbo, Os Chocalhos (Uxu kalhus) - um grupo de certa
forma ligado a essa associação - garante o baile de fim de ano em Montemor-o-novo. É a
festa de todas as danças populares.
A festa de fim de ano a acontecer em Montemor-o-Novo está a cargo de Os
Chocalhos (Uxu kalhus) - numa altura em que o grupo se prepara para editar um disco, que
provavelmente será gravado ao vivo. Neste caso, o grupo aproveitará as receitas desta
festa de fim de ano para apoiar a auto-produção do seu primeiro registo discográfico.
Mas a festa não se resume à actuação do grupo formado por Paulo Pereira,
Celina Piedade, Vasco Casais, Hugo Meneses e Nuno Patrício. Todos os músicos estão
convidados a trazer um instrumento e juntar-se à festa que promete ir pela noite dentro.
Certamente uma passagem de ano alternativa.
Os Chocalhos (Uxu Kalhus) são um projecto de pesquisa em torno da música
tradicional portuguesa e europeia, que funde linguagens musicais mais
"conservadoras" com outras mais actuais. Têm como principal objectivo a
divulgação das danças tradicionais, através da animação de bailes com música ao
vivo. Este é, aliás, um modelo que permite retomar a emoção antiga do prazer de
dançar em grupo, com passos e "coreografias" relacionadas com ritmos
tradicionais.
Musicalmente, o grupo aposta numa linguagem muito própria - conseguindo cativar
públicos de várias idades, servindo de ligação entre várias gerações em torno da
nossa cultura tradicional - um modelo amplamente difundido pela Pedexumbo, a Associação
que organiza o Andanças e que trouxe para o nosso país este tipo de abordagem.
Os Chocalhos (Uxu Kalhus) recorrem aos sons mais "tradicionais" do
acordeão e da voz de Celina Piedade, da flauta e do ralchpfeifen (instrumento de palheta
dupla) de Paulo Pereira, das guitarras acústica e eléctrica de Vasco Casais, e várias
percussões (Djembé, Darabuka, tambores, chocalhos) de Nuno Patrício e Hugo Meneses.
As dinâmicas endiabradas, as composições arrojadas, os arranjos viscerais e
uma postura irreverente caracterizam este grupo, que anda em busca de uma identidade e de
um som transcendental - que não olha a meios nem a instrumentos para atingir um fim: o
baile, o arraial, o bailarico, a festa, o movimento sem limites e a completa fusão com os
dançantes e andarilhos.
O material sonoro é trabalhado para fazer voar os pés e bater os corações,
para contagiar os corpos com as vibrações emanadas de um palco que se quer dissolver no
meio do baile, para se dançar em grupo ou a pares a nossa cultura e as muitas outras
culturas; porque a cultura é participar mais do que contemplar; é intervir mais do que
escutar; é para se descobrir mais do para se deixar invadir; é para se gostar
naturalmente sem ter que aprender ou apreender ou forçar a gostar, só porque é cultura.
Durante o baile, valsas e chotes despertam emoções em danças partilhadas a
dois; círculos e Regadinhos juntam todos na mesma roda e toda a gente dança com toda a
gente; Bourrées e Malhões agitam as multidões em filas e desfilas. Mazuracas e Passos
dobles traem os enamorados numa danças cúmplice; danças israeliatas e sérvias e
austrícas levam-nos para longe daqui; Chapaloises e Saraquités despegam os pares do
chão e fazem soltar risos e sorrisos; e viras e saltos bascos e Mata-Aranhas e An-dros e
Branles e Polkas e mais valsas e mais chotes e mais mazurcas.