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Programa
Dias 21, 22 e 23 de
Junho
Raiz di Polon adón kú éva di santiágo
Konquista
Dias 24, 25 e 26 de Junho
Mxolisi George Khumalo
Ulozi e Flush
Dias 24, 25 e 26 de
Junho
António Tavares e Victor Gama
SobreTudo
Dias 27, 28 e 29 de
Junho
Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique
Maputo
O Ciclo Nova Dança Africana foi concebido e
realizado em estreita colaboração com o projecto DANÇAR O QUE É NOSSO de DANÇAS NA
CIDADE
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Lisboa - Centro Cultural de
Belém
Ciclo Nova
Dança Africana
CCB, 21 a 29 de Junho de 2001O Ciclo de Nova Dança Africana, iniciativa concebida
e realizada no contexto do projecto Danças na Cidade, traz até nós uma coreografia em
estreia absoluta - "Konquista" -, pela companhia Raiz de Polon, de Cabo Verde;
uma nova criação da Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique -
"Maputo"-; uma nova versão da peça "Sobretudo", de António Tavares
e Victor Gama (Cabo Verde); e dois solos - "Ulozi" e "Flush" - do
jovem sul-africano Mxolisi George Khumalo.
No mês de Dezembro do ano passado, o Centro Cultural de Belém apresentou a
primeira parte de um ciclo de espectáculos dedicado à nova dança que se faz em vários
países de África. A par deste ciclo desenvolveu-se uma política activa de encomendas e
co-produções junto dos países de língua oficial portuguesa.
Depois de ter apresentado uma peça de Salia nï Seydou de Burkina Faso e duas
do coreógrafo cabo-verdiano Mano Preto do grupo de dança Raiz di Polon, apresentamos
agora um novo projecto de Raiz di Polon, desta vez da autoria de Zema Monteiro; uma nova
criação da Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique; uma nova versão da
peça Sobretudo de António Tavares e Victor Gama; e dois solos - Ulozi e Flush - do jovem
coreógrafo sul-africano Mxolisi George Khumalo.
Dia 21, 22 e 23 de Junho,
Pequeno Auditório CCB, às 21:30h
Raiz di Polon (Cabo Verde)
Konquista Adón
Kú Éva di Santiágo
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Há três anos a companhia de dança cabo-verdiana Raiz di Polon enveredou por
um caminho difícil, mas extremamente cativante, na procura de novos rumos para a dança
cabo-verdiana. Em 1998, criou a sua primeira peça de dança contemporânea, Até ao fim,
que foi apresentada em Cabo Verde e em Portugal. Depois seguiram-se Pêtu (1999) e CV
Matrix 25 (2000), ambas da autoria de Mano Preto. Após a excelente recepção destas duas
últimas peças no mês de Dezembro passado no Centro Cultural de Belém, Raiz di Polon
está agora de volta com uma quarta criação, desta vez concebida por Zema Monteiro.
Konquista é uma peça baseada no poema Adon ku Éva di Santiago, do escritor
cabo-verdiano Daniel Spinola. É um trabalho que retrata o ser cabo-verdiano, o seu modo
de vida desde os primórdios aos nossos dias, ilustrando alguns dos momentos por que
passou. Pretendo que a peça seja um espelho onde podemos questionar: o que serei amanhã,
se a leitura que faço chega apenas ao que vejo e não ao que todos queremos ver...
Na começu és éra dós pa un amor na un Santiago. Na fin és bira moda barrêcha
tambi pa un amor na un Santiágo, e fin ta dependi di principi, e konquista ta
kontínua... (no começo eram dois para um amor em um Santiago. No fim tornaram-se
ávidos para um amor em Santiago, e o fim depende do princípio, e a Konquista
continua...) Zema Monteiro, Praia Abril de 2001Na começu és éra dós pa un amor
na un Santiago. Na fin és bira moda barrêcha tambi pa un amor na un Santiágo, e fin ta
dependi di principi, e konquista ta kontínua... (no começo eram dois para um amor
em um Santiago. No fim tornaram-se ávidos para um amor em Santiago, e o fim depende do
princípio, e a Konquista continua...
Dias 24, 25 e 26 de Junho, Sala de
Ensaio, às 21:30h
Programa partilhado com António Tavares
e Victor Gama (Cabo Verde/Portugal) SobreTudo
Mxolisi George Khumalo (África
do Sul)
Ulozi e Flush
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Após uma audição em Joanesburgo, o jovem bailarino sul-africano Mxolisi
George Khumalo teve a oportunidade de estudar na escola de dança P.A.R.T.S. em Bruxelas,
onde se revelou um artista excepcional. Ulozi, o seu solo de fim dos estudos, está muito
ligado à sua juventude em Soweto. A peça evoca o mundo obscuro dos mitos e rituais
ancestrais africanos. Integrando no seu solo o bater rítmico das pernas da dança
tradicional africana e as atitudes da escultura africana, Khumalo tenta descobrir que
significado pode este material adquirir num contexto contemporâneo. Em Flush, Khumalo
prossegue a sua investigação na linguagem de dança, que conjuga as suas raízes
africanas e a dança contemporânea. Uma linguagem em que se pode sentir à vontade, no
cruzamento de dois mundos, cada um com os seus próprios símbolos, línguas e lógicas.
Todos nós herdamos, utilizamos, deitamos fora e reutilizamos, e tudo o que pensamos e
sabemos se vai transformando, continuamente, em formas novas e significados
surpreendentes.
Dias 24, 25 e 26 de Junho, Sala
de Ensaio do CCB, às 21:30h
Prograna partilhado com Mxolisi George Khumalo (África do Sul)
Ulozi e Flush
António Tavares e Victor Gama (Cabo
Verde/Portugal)
SobreTudo
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Dois homens encontram-se e contam histórias com o corpo; Um ao outro; São
histórias sobre tudo; Histórias que o tempo não apagou; Memórias do corpo; Que os
agasalham; Histórias com os pés na água;
Histórias de mergulhos e vindas à superfície Histórias do arco da velha.
(...) histórias brilhantemente interpretadas pelo dançarino que tem no olhar,
na voz e nos movimentos, tantas vezes suspensos, todo o mistério necessário para
contá-las ao público. (...) António Tavares procura uma linguagem contemporânea muito
própria, sempre com um pé na sua terra natal, Cabo Verde.
Dias 27, 28 e 29 de
Junho, Pequeno Auditório CCB, às 21:30h
Companhia Nacional de Canto e Dança (Moçambique)
Maputo
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A Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) é a única companhia
profissional em Moçambique. Tem uma longa história de trabalho virado para a
recuperação de danças tradicionais e a sua adaptação ao palco. Para além disso, a
CNCD tem criado várias obras dedicadas à educação pública, encomendadas pelo governo
ou pela cooperação internacional. Nos últimos anos, o director da companhia, David
Abílio, tem investido na modernização da companhia, convidando professores
estrangeiros (Alvin Ailey Dance Company, Urban Bush Women e Dance Factory Johannesburg,
entre outros), enviando bailarinos para assistirem a cursos internacionais (Afrique en
Création - Senegal, American Dance Festival - EUA, os Encontros Dançar o que é Nosso -
Portugal), e dando ao coreógrafo e novo director artístico da companhia, Augusto
Cuvilas, uma bolsa de estudos em dança de 3 anos na Universidade de Paris VIII.
Maputo é o primeiro programa de dança contemporânea da companhia, encomendado pelo
Centro Cultural de Belém e por DANÇAS NA CIDADE. O programa contém três novas
coreografias, duas do coreógrafo moçambicano Augusto Cuvilas e uma do coreógrafo
português Francisco Camacho, que esteve em Fevereiro-Março e depois em Junho deste ano
em Maputo para criar a peça de raiz com os bailarinos da CNCD.
Civilização | Augusto
Cuvilas
Fluido do tempo, a civilização reflecte mudanças, diferenças, evoluções ou
progressos. Se para os povos ocidentais a civilização é caracterizada, entre outros
factores, pelos avanços tecnológicos e científicos, é esta a civilização dos outros
povos? Talvez o conceito Civilização não seja aplicável a todas as
sociedades, quem sabe se a civilização é definida de formas distintas, segundo os
povos. Mas então porque é que algumas sociedades são chamadas primitivas?
Haverá uma referência mundial para tal? Vamos substanciar a civilização, dando uma
visão sobre alguns aspectos em forma de movimento, de espaço, de tempo (e porque não
simbólica?), da civilização através da dança. - Maria Helena Pinto
De Costas Viradas à Verdade | Augusto Cuvilas Uma tragédia de um povo, tragédia essa
que ninguém ousa comentar. Será que estamos diante de cegos? Creio que não, talvez
pudéssemos falar de fanatismo. Quem sabe? Nós definimos a verdade. Estamos
numa guerra chamada ambição, onde temos que atingir inocentes para
para
não
sei para quê, e será que tu sabes? Estou seguro que tu sabes, porque tu estás seguro
que eu sei, mas estamos doentes, feridos, corrompidos, convencidos, sem
palavra? Talvez sem comentários. Um mundo hipócrita! Onde os hipócritas
sobrevivem. Esta peça é inspirada numa tragédia de uma região de Moçambique.
Através desta tragédia quero explorar os movimentos em diferentes vertentes. Trabalhar o
feio na beleza, explorar a beleza do feio, desfrutar do sofrimento do homem, do animal
etc., encontrando uma forma de prazer, criar uma harmonia entre o silêncio e a vontade de
gritar verdade. O som, a respiração, o contacto, são a base desta
coreografia.
Em Troca | Francisco
Camacho
Em Troca foi desenvolvido de acordo com o meu método habitual, partindo da
improvisação dos bailarinos. Reflecte parcialmente a sua situação artística, entre a
tradição e a modernidade. Esta é também a situação da sociedade em que se inserem,
ou talvez um movimento comum a todas as comunidades em dada altura, encontrando-se entre a
perpetuação do tradicional e a assimilação do novo. As figuras criadas pelos
bailarinos foram caracterizadas socialmente, não tanto pela sua inserção numa dada
classe mas permitindo a identificação do seu percurso individual associado a
determinados segmentos da sociedade. Situámo-nos num território comum e estranho a
ambos, aqui metaforizado através da queda de neve e acentuado pelo aparecimento de uma
figura animal exterior aos nossos imaginários nacionais (Moçambicano e Português).
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