Filipa Pais
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Cartaz
6ª Feira, Dia 5
Filipa Pais
Maria Alice
Moçoilas
(Cabo Verde) Tito Paris
Tucanas
Sábado, Dia 6
Brigada Victor Jara
Os CantAutores
(Brasil) Choronas
Danças Ocultas
(Chile) Julián Del Valle - Grupo Origens
Quadrilha
(Espanha) Rádio Tarifa
Segue-Me À Capela
Terrakota
Domingo, Dia 7
Gaitafolia
Cristina Pato
(Espanha) Cruce De Caminos
Galandum Galandaina
Realejo
Ronda Dos Quatro Caminhos
Tocá Rufar e Schalmeienkapele
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Atalia, Seixal
Festa do Avante 2003
Lugar à música portuguesa
Dias 5, 6 e 7 de Setembro de 2003
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. . . . . . . . . .A Festa do
Avante é feita de muitas músicas, abrangendo expressões musicais diversas, desde as
mais populares até às mais vanguardistas. São centenas de artistas, profissionais e
amadores - para três dias de festa, na Quinta da Atalaia, no Seixal.
Como vem sendo hábito, a música portuguesa recebe o principal destaque na Festa do
Avante. Este ano não é excepção, e por isso mesmo são muitos os nomes das músicas de
raiz tradicional portuguesa que partilham também os palcos da festa com alguns
projectos internacionais, quase todos do universo lusófono.
A festa conta assim com o "regresso" da Brigada Victor Jara,
actualmente assumindo uma nova sonoridade, em parte conseguida
com a participação especial do grupo de Metais de Tomás Pimentel - estando também
debaixo de olho um muito aguardado novo trabalho discográfico - que poderá ser,
certamente, ouvido ao vivo neste concerto.
Outro espectáculo em destaque vem pela mão d'Orfeu, que traz ao palco da Festa do Avante
"Os Cantautores" - uma produção dedicada à obra de três
cantautores portugueses: Fausto, José Afonso e Sérgio Godinho; um espectáculo criado em
2001 e que já percorreu vários pontos do país.
Da Galiza, teremos a gaiteira Cristina Pato, cuja história sai fora de
todos os parâmetros convencionais e rompe com a rigidez do que se considerou chamar como
«o correcto» dentro da música tradicional galega - algo que ela faz, sobretudo, apoiada
no seu grande virtuosismo.
Ainda no panorama Internacional, a Festa do Avante conta com a participação dos Chilenos
Julián del Valle e o Grupo Origens, levando a palco um espectáculo
pretende ser uma homenagem a Salvador Allende, 30 anos passados sobre o seu brutal
assassinato em resultado do golpe perpetuado por Pinochet.
Cabo Verde é aqui representado por Maria Alice e Tito Paris. Maria Alice
é uma cantora que orienta o seu trabalho artístico numa vertente sobriamente acústica -
realçando, desta forma, as suas excelentes qualidades vocais e apostando sobretudo em
jovens músicos e autores cabo-verdianos.
Por seu lado, Tito Paris foi um dos mais jovens intérpretes a surgir na
cena cabo-verdiana, e que rapidamente se impôs, não apenas nos locais tradicionais
como o próprio arquipélago, Portugal e Holanda , mas sobretudo em paragens
mais inexploradas pela música de cabo-verde, conseguido um enorme êxito com a sua
tournée nos Estados Unidos. Tito Paris tem, por outro lado, reunido à sua volta um
consistente núcleo de músicos que asseguram espectáculos ao vivo de grande dinamismo e
qualidade.
Cabeças de cartaz em qualquer evento em que participem, os Rádio Tarifa,
de espanha, são uma das glórias da cena mundial da world music cujo som atravessa
culturas e continentes, das profundas paixões do flamenco espanhol até ao mistério dos
antigos ritmos das mouras Kasbashs. Esta é uma das grandes apostas internacionais da
Festa deste ano.
Do Brasil chega-nos ainda o colectivo de música Choronas - um grupo
feminino, que se dedica ao choro, ao baião, maxixe e samba - utilizando para isso flauta
transversal, cavaquinho, violão e percussão, misturando obras consagradas e outras menos
conhecidas, tradicionais e também de autor.
Ainda da Espanha virá também o projecto de Flamenco Cruce de Caminos,
nascido na Bienal de Flamenco em Sevilha no ano de 2000
- assumindo-se numa atitude de renovação de repertório (em letras e composições,
arranjos e apresentação), alimentando-se de outras influências e fontes musicais, em
especial o jazz da tradição mediterrânea.
Voltando aos portugueses, a festa aposta em vários projectos lusos já com várias provas
dadas. É esse o caso dos Danças ocultas - um projecto a quatro
concertinas, que tem tido uma enorme receptividade do público e da crítica - ambos
fascinados com o que apenas quatro concertinas podem fazer. Danças ocultas revitalizou de
certa forma a imagem da concertina entre os portugueses, levando a cabo um repertório
original, composto especialmente para este instrumento tão peculiar.
Com um disco recentemente editado e depois de uma longa espera desde o seu disco de
estreia a solo, Filipa Pais aparece agora
com "À porta do mundo" - um trabalho que parte de uma matriz tradicional, que
transporta a música para um ambiente sonoro
contemporâneo, caracterizado por uma certa simplicidade instrumental, pela mão de
grandes músicos.
De Trás-os-Montes, chega-nos um projecto dedicado às tradições e língua mirandesas -
os Galandum Galandaina - um grupo que começou por ser de gaitas e
percussão e que foi introduzindo novos instrumentos, sobretudo a Sanfona.
Do Algarve vêm As Moçoilas, com velhas e novas canções da Serra do
Caldeirão, com algumas incursões ao Alentejo e à raia de Espanha, sempre de modo
original. O seu repertório integra, na maior parte, cantigas populares tradicionais da
região, férteis no praguejar algarvio e nas saudáveis malandrices que dão o picante
às histórias simples dos amores e às críticas sociais.
Dentro da "folk" portuguesa temos dois projectos: os Quadrilha e também o
"regresso" dos Realejo. Os Quadrilha, que se preparam para
editar um novo disco em 2003. O grupo, já com nove anos de estrada, tem como principal
objectivo fazer chegar a música popular às classes etárias mais novas - apostado em
canções simples e que apelam à dança e à folia.
Sem terem propriamente parado, os Realejo regressam em força aos palcos
principais, apostando numa nova formação e também com
novo repertório. Agora com vozes e percussões, o som deste grupo continua a ser marcado
pela sanfona de Fernado Meireles e o
virtuosismo raro do poli-instrumentista Amadeu Magalhães.
Outro destaque a reter é a presença da Ronda dos Quatro Caminhos, que
aceitou o enorme desafio de levar para palco um espectáculo baseado no seu mais recente
disco, "Terra de Abrigo", um trabalho profundo e complexo que parte do cante
alentejano, misturando-o, de forma sublime, com uma orquestra. Um grande desafio para um
disco e um desafio ainda maior para os palcos.
Noutros ambientes, sobretudo de voz e percussões, Segue-me à Capela é
uma das apostas da Festa do Avante em dar a conhecer projectos novos e menos conhecidos do
grande público. Segue-me à Capela apresenta uma perspectiva da música tradicional
portuguesa traçada apenas pela voz. E a voz desdobra-se para lá do canto, para recriar
ambientes de trabalho, romaria e alguma folia.
Também femninino, de voz e percussão, as Tucanas apresentam-se ao vivo
na Festa do Avante, levando ao palco um espectáculo
que em 2003 tem percorrido o país, baseado sobretudo em composições originais,
recorrendo a muitos instrumentos de percussão, alguns inventados e outros de várias
partes do mundo. Este espectáculo será, de resto, um dos últimos da banda antes da sua
entrada em estúdio, para gravar o seu trabalho de estreia, para uma editora
multinacional.
Ainda outro grande destaque irá, certamente, para os Terrakota - grupo
que há poucos anos dava os primeiros passos nos pequenos espaços alternativos de Lisboa
e que rapidamente saltou para os cartazes dos grandes festivais de verão. Hoje a música
dos Terrakota pode ser descrita como uma efervescente fusão de sonoridades africanas
provenientes tanto do continente-mãe de todos os destinos migratórios do povo africano
espalhados pelo planeta, sendo todas as influências catalisadas numa reacção de
energias vibrantes e explosivas. O grupo também partilha com os africanos uma forte
paixão pelo reggae que duma forma geral tem em África a dimensão que o pop rock
tem no Ocidente, dando-lhe grande destaque no desenvolvimento do seu trabalho.
A fechar esta longa lista de participações, temos os Tocá Rufar - o
projecto idealizado por Rui Júnior, um percussionista e didata, apaixonado sobretudo
pelas percussões portuguesas. Neste projecto, os jovens descobrem com ele o prazer dos
ritmos e das batidas e expressam a sua liberdade de participação cívica neste Centro de
Artes e Idéias Sonoras que bem merece o carinho, apoio e incentivo das instituições
portuguesas. Na Festa os Tocá Rufar estarão também presentes nos ateliers e workshops
de percussão abertos à participação de todos.
Estes são, pois, alguns dos muitos argumentos para assentar na Festa do Avante,
um dos mais emblemáticos Festivais do Verão, tradicionalmente ligado à cultura
portuguesa e que, durante muitos anos, foi trazendo - como agora - um dos mais arrojados
cartazes, tudo a acontecer em três dias, no recinto da Quinta da Atalaia, no Seixal.
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